Mesmo bem intencionadas, as rádios de BH prestam um desserviço para o trânsito

Ainda que muito bem intencionadas as rádios de Belo Horizonte seguem prestando um desserviço para a cidade quando o assunto é o “famigerado trânsito nosso de cada dia”. Explico: Todas as rádios, sem exceções, tratam o tema na superficialidade ao repetirem diariamente as informações sobre os locais onde o trânsito está parado ou lento, os mesmos locais de todos os dias, via de regra, nos mesmos horários. Ou seja, repetem o que todo mundo já sabe e que não ajuda a resolver o problema que se agrava.

Mas ainda tem aquelas que ajudam a piorar a situação quando dizem para os seus ouvintes que as retenções de tráfego estão sendo provocadas pelo “excesso” de veículos ou por que tem um carro com defeito aqui ou acolá. Elas passam para as autoridades de trânsito, se é que exista alguma em BH com credibilidade para falar do tema, que elas estão isentas das responsabilidades sobre o caos que aumenta diariamente por toda a cidade. A mensagem subjacente do dever cumprido, que no inconsciente coletivo informa ao ouvinte que o problema não é da falta de infraestrutura, mas a escolha dele pelo transporte individual, que é um direito e não uma má escolha – tese oficial. 

Não é onde o trânsito está ruim que precisa ser dito, mas o que fazer para melhora-lo. Onde ele trava, insisto, todo cidadão que desloca pela cidade sabe. O que ninguém ouve e deveria ser motivo de atenção das rádios, bem como da Câmara Municipal, das entidades de classe, representações de trabalhadores e empresários, é o que está pensando os gestores da cidade, incluindo o presidente da BHTrans, o superintendente da Sudecap e em especial o prefeito Alexandre Kalil, para resolver a situação que se agrava dia após dia.

A cidade tem um passivo de 40 anos na infraestrutura e mais de 200 gargalos no trânsito

Isso sim seria prestar um serviço de relevância para cidade ao invés de usar a metodologia para servir de “calhau” (linguagem utilizada para ocupar a programação de rádio na ausência de anunciantes). Belo Horizonte possui um passivo de 40 anos sem obras estruturais, existem mais de 200 gargalos que aguardam por intervenções de engenharia e que terão que ser feitas mais cedo ou mais tarde. O leitor mais atento pode me perguntar onde estão às verbas para realizar tais intervenções e eu respondo: Não há recurso para todas, mas pelo algumas precisam entrar no radar da PBH, aquelas prioritárias e que prejudicam o maior numero de pessoas. Belvedere, Buritis, São Francisco, Jardim Montanhês, Savassi, Funcionários, Floresta, Floramar, Itapoã, Serrano, Esplanada, Coração Eucaristico, etc.

Tarefa para governantes compromissados que a julgar pelo que vemos, não existe no momento. Todas as intervenções, ou as poucas que estão sendo feitas na cidade, “MOB Centro e Zona 30”, seguem no sentido de restringir o uso do carro, em que pese o fato da população estar dizendo para o poder publico que é de carro que ela gosta, por razões objetivas, a frota cresce na taxa de 7% ao ano, enquanto o numero de passageiros transportados pelo sistema  coletivo, cai 12 % ao ano, podendo inclusive levar o sistema tarifário a um colapso. A cidade tem mais de 2,2 milhões de veículos e o gestor do trânsito segue fingindo não ver.

Rádios podem ajudar na busca de soluções para o problema do trânsito

Com efeito, ou a população começa urgente a cobrar medidas para dar fluidez ao trafego, por meio de corredores (vias expressas), e as rádios são veículos importantes de interação entre poder publico e cidadão, ou o que está ruim tende a piorar muito antes do que pensa os responsáveis pelo planejamento da cidade. Fica a dica para as rádios, especialmente aquelas que tocam notícias, usam helicópteros ou mesmo as câmeras da BHTrans ou do Portal G1 para dar noticias do trânsito. Evidentemente, isso serve para as que não vendem a liberdade de expressão e a autonomia…

jaribeirobh@gmail.com – WhatsApp 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas