O estado do Amapá e a cidade de Santana são os mais violentos do Brasil. Rápida geopolítica do Setentrião – Por: Ray Cunha

Pela sua posição, o Amapá deveria ter um serviço não só portuário, mas também aeroviário, de primeira categoria, pois poderia ligar São Paulo com os Estados Unidos e Europa

Foto: Caio Gato – Tromba D`agua na orla de Macapá

Por: Ray Cunha – Jornalista e escritor

“Segundo o Anuário da Segurança Pública de 2023, divulgado quinta-feira 18 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado do Amapá é o mais violento do Brasil e Santana a cidade onde mais se mata. No Amapá, houve 69,9 mortes violentas por 100 mil habitantes, três vezes mais do que a média nacional.

Foram 513 mortes, em 2023, um aumento de 39,8% em comparação a 2022. A violência na região explode em Santana, vizinha de Macapá, e em Macapá, a capital. Santana é um porto, rota do narcotráfico internacional.

Por que o Amapá chegou a esse ponto? Até 1943, fazia parte do estado do Pará. Era uma região selvagem. De 1943, até 1990, foi território federal e era administrado e bancado pela União. A partir de 1991, virou estado, e aí a coisa degringolou.

O ex-presidente José Sarney, que quase leva o país ao caos, transferiu seu domicílio eleitoral do Maranhão, onde não se elegeria nem síndico, para o Amapá, e se candidatou ao Senado. Os amapaenses ficaram orgulhosos e elegeram Sarney senador vitalício. Ele só largou o osso porque estava velho e doente, e o Maranhão fica longe do Amapá.

Quando Sarney se elegeu senador e inventou a história da Zona Franca de Macapá, atraiu uma multidão de desesperançados do Maranhão. A população de Macapá e de Santana, que era um bairro de Macapá, cresceu da noite para o dia, amontoando-se no subúrbio, sem emprego e sem perspectiva.

Não deu outra. As facções se organizaram e empregaram parte dessa população no narcotráfico. Aí, a violência tomou conta da grande Macapá, onde escolas são como presídios, cercadas por muros altos. Hoje, Santana, um dos melhores portos da Amazônia, é um entreposto do tráfico internacional de drogas.

Além de ser o estado da federação mais isolado do Brasil, o Amapá não conta com energia elétrica firme. A salvação do estado seria o linhão de Tucuruí, mas os políticos não estão nem aí para isso. O Porto de Santana, que deveria ser federalizado para ontem, é municipal.

Trata-se de um porto com calado para qualquer tipo de navio e é o mais próximo dos mercados dos Estados Unidos, Europa e Ásia (via Canal do Panamá). Localizado à margem do maior rio do mundo, o Amazonas, poderia receber cargas de toda a Amazônia e do Centro-Oeste e despachá-la para o exterior.

Pela sua posição, o Amapá deveria ter um serviço não só portuário, mas também aeroviário, de primeira categoria, pois poderia ligar São Paulo com os Estados Unidos e Europa, principalmente com a França, pois o Setentrião, ou Amapá, faz fronteira com a Guiana Francesa e Macapá é ligada por rodovia com Caiena, a capital da Guiana Francesa.

Macapá tem duas atrações turísticas únicas: fica à margem do maior rio do mundo, o Amazonas, e é seccionada pela Linha Imaginária do Equador. Mas não tem rede de esgoto, assim como Santana, seu serviço de água encanada é ruim (às vezes sai lama das torneiras) e está sujeita a apagões trágicos.

E o poder público, não investe? Bem, tem os cabides de emprego, as diárias, a corrupção, o narcotráfico. Para piorar a situação, a velha imprensa e os intelectuais de rabo preso vivem numa bacanal permanente, regada a cerveja bem geladinha, porque o calor lá é abrasador, e picanha.

E depois, ninguém é besta de abrir a boca na Amazônia. Não tem para onde correr. Principalmente no Setentrião. Se correr para o mato, onça, sucuri, ou malária, pega; se correr para o rio, morre afogado, ou papado por jacaré.

Se você, leitor, quiser conhecer a fundo não somente a geopolítica do Amapá, como da Amazônia, leia meu romance ensaístico JAMBU, que pode ser adquirido no Clube de Autores ou na amazon.com.br”

José Aparecido Ribeiro é jornalista e editor

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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