Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o governador de São Paulo João Dória Jr. mostrou-se rancoroso aumentando o tom ao se dirigir a vizinhos que flagraram e denunciaram festa realizada pelo filho João Dória Neto (26), (Jhonny para os íntimos) na noite do último sábado (6) em mansão da família no Jardim Europa, bairro de milionários da capital paulista. Na festa, Jhonny não usava máscara, como mostrou as imagens, o que é mais do que natural em estando ele dentro de sua própria casa.
Ao invés de admitir e corrigir o filho, Dória negou e declarou que as imagens são fake-news, ainda que as testemunhas e as gravações dentro e fora das dependências do “palácio” de sua majestade confirmem o evento. O marqueteiro João Dória de certo deve pensar que a sua família é diferente das demais, e que o filho não “erra”. Teve coragem de declarar que as imagens foram forjadas para prejudicá-lo e que a festa ocorria na casa de vizinha famosa.
Dória ameaça vizinhos e nega que vídeos são verdadeiros
Em tom agressivo Agripino chamou os vizinhos de “inimigos e ameaçadores”, e que não vai se intimidar. Ele não teve a humildade necessária para admitir que o filho, um jovem de 26 anos, assim como qualquer pessoa normal nesta idade, ricos ou pobres, estão cansados do embuste que vem privando a liberdade de milhões de pessoas presas em casa, mesmo os filhos de pais “poderosos”.
O fardo da pandemia para os jovens na idade de Jhonny é ainda maior, pois nesta fase da vida a socialização se faz necessária. Como qualquer jovem saudável Jhonny não é diferente, descumpre regras eventualmente. Realizar uma festa, convidar os amigos e não usar máscaras, não é algo que deva ser repreendido ou mereça ser feito escondido. As tentativas infrutíferas de limitar as confraternizações é perda de tempo. Com o distanciamento recomendável, as socializações podem e precisam acontecer. Elas são válvulas de escape para pressão que a pandemia exerce sobre pessoas normais e pessoas com patologias psíquicas.
Governador disse estar sendo ameaçado. Sorte é que cabras machos estão em falta
Desconsiderando a inteligência alheia o governador inventou factoide, rapidamente assimilado pela mídia e prestou queixa de que está sendo ameaçado. Desconversou sobre a festa desnecessariamente e resmungou que vem sendo perseguido. Dória realmente precisa redobrar sua atenção, assim como qualquer tirano que no lugar de liderar, impõe a força suas vontades.
Para sorte e tranquilidade dos que fazem a segurança do governador, o povo brasileiro não tem a tradição de reações planejadas e violentas contra a vida de governantes, ao contrário é dócil, obediente e por vezes até covarde, age como os cães vira-latas que latem sem morder. Em outras culturas as manifestações de descontentamento nas redes sociais acabam passando para as vias de fato. Não seria de tudo ruim que ocorresse no Brasil o que assistimos em 2013.
Dória é a soma de cinismo, hipocrisia, demagogia e populismo
Apesar do sentimento de repulsa aos libelos de hipocrisia e o cinismo do político que comanda o estado mais rico do país, sua segurança não parecer ser algo que mereça atenção especial.
Como bom marqueteiro com lábia afinada, comum aos populistas, Agripino empostou a voz e aproveitou para declarar com emoção e tom embargado de ator que ele é responsável pelo pouco que o pais conseguiu de vacinas, confessando que o Instituto Butantã está sob a tutela do seu governo. Faltou chamar o presidente do Butantã, o Professor Dimas Tadeu Covas de vaquinha de presépio autômata. Não estaria mentindo.
O recado teve endereço, o adversário político Jair Bolsonaro que segue não reagindo às provocações, apesar de tudo. Dória é o exemplo do que existe de pior na política, pois além de se achar portador de sangue azul, mente sem perder a pose e apresenta-se sempre como vítima, preocupado com o povo. Nunca gostou de povo e muito menos de ser contrariado, é na verdade um tirano boquirroto.
José Aparecido Ribeiro é jornalista em Belo Horizonte
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