POR: Epiphânio Camillo – Administrador de TI
Foto: História do Flautista Hamelin – 1284
“Cinco meses aproximadamente que a onda de epidemia planetária ganhou protagonismo e quase exclusividade nos noticiários. Durante o mês de fevereiro, embora as advertências do governo central, que “não deram Ibope”, o Carnaval foi mantido.
Contagiante(!) a explosão de alegria. Um sucesso inaudito os festejos comemorados com júbilo, alegorias e demonstrações esfuziantes de regozijo, ao vivo e em cores, de boa parte de prefeitos e governadores.
Nunca antes neste país tamanho espetacular êxito de público e de crítica!
Esquecemo-nos dos vulcões, das queimadas, da propalada destruição do planeta por inúmeros motivos — ou ausência deles —, dos dramas cotidianos mais próximos — assassinatos, rebeliões, trabalho escravo, filas para atendimento em postos de saúde, desemprego — e dos mais distantes, mas nem por isso desprezados de merecerem exacerbadas manchetes locais: a fome, a miséria, a mortalidade infantil, as ofensas aos direitos humanos, as ditaduras, as poluições, a educação negada. E pouco ou nada mais lembramos do pai, mãe, avô e avó de tudo: a corrupção “oficial”.
A pandemia até parece veio para nos salvar de tantas ignomínias. Quem sabe janela de oportunidades este providencial agrupamento em um só mal de todas as vicissitudes que infernizam a civilização? Juntos, dizem os mantras de ocasião, vamos vencer a praga com orações coletivas simultâneas utilizando as facilidades tecnológicas da internet, promovendo bem-intencionadas campanhas cívicas, exercendo exemplar destemor e garra, apoiando inéditas benemerências e clamando pelos pensamentos positivos, confiantes na vitória que virá — garante-se — para que possamos retornar à costumeira e almejada normalidade. Afinal, àquele modo de vida já estávamos submissos. Eia, sus! Avante!
Nesse ínterim, porém, recomenda-se com ênfase aproveitar a quarentena para revisitar nosso interior, corrigir rumos, refletir sobre a origem do universo (por que não?), exercitar a paciência, virtude-mater do equilíbrio, serenidade, fleuma, complacência, mansidão e… resignação.
Indignação? Revolta? Desespero? Medo? Descrença? Não seja pessimista!
Em 1284 a cidade de Hamelin, norte da Alemanha, foi infestada pelos ratos, diz a fabulosa fábula dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm. Então um flautista mágico prometeu livra-los da praga. Cumpriu com o prometido atraindo os roedores para o rio. Não recebeu pelos serviços prestados. Em represália atraiu as crianças do povoado para a morte.
Vamos nos livrar do vírus, com certeza. Permitiremos que os flautistas levem nossas crianças?”
(19/04/2020)
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