A última chuva que caiu sobre a capital mineira foi no dia 3 de junho passado, veio com rajadas de ventos que alcançaram 95,76 km/h, de acordo com a Defesa Civil de Belo Horizonte na estação Inmet, localizada no bairro Olhos D´água, causando estragos por toda a cidade, com queda de árvores, bairros inteiros sem energia, principalmente na Região Norte da capital. Em vários bairros houveram registros de recorde de precipitações, recebendo mais água do que o normal.
Os prejuízos para população foram grandes, pois tem aumentado a queda de arvores, inclusive as que desabam em cima de veículos. A chuva veio e no mesmo compasso que entrou, foi embora e não voltou, deixou o frio que perdura há quase dois meses com baixa umidade relativa do ar inferior ao recomendável. A previsão para os próximos 60 dias é de clima seco e reduzida possibilidade de chuvas, ou seja, serão praticamente 120 dias sem uma gota de água sobre o solo belo-horizontino.
Mais preocupante do que o solo seco, a cidade suja e o ar propício para transmissão de doenças que são contraídas por vias aéreas, é o abastecimento de água que está comprometido. Vale lembrar que o Rio Paraopeba era até bem pouco tempo uma das mais importantes fontes de água potável para a população de BH. 30% do seu volume de água não pode mais ser utilizado pela população devido a contaminação do rio após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho no final do ano passado.
Recentemente o Governo de Minas realizou investimentos para aumentar a participação do Paraopeba no sistema de abastecimento elevando sua participação no sistema que abastece BH. (representava 1/3 da água consumida até a tragédia de Brumadinho). A Copasa garante que não haverá falta de água em BH, mas se a seca que começou em junho perdurar, pode sim haver desabastecimento. A população precisa ter a certeza de que não será prejudicada pelo desvio do volume do Paraopeba no sistema Rio Manso, Serra Azul e Várzea das Flores, responsáveis por 50% do abastecimento da capital, afetando a vida de mais de três milhões de pessoas.
Prevenir é sempre melhor do que remediar. A Copasa já deveria ter iniciado juntamente com a Prefeitura de BH uma campanha de uso consciente da água, evitando racionamento, caso a água não venha como esperado, assim como aconteceu há quatro anos quando o nível dos reservatórios alcançaram índices alarmantes, obrigado o governo a fazer intervenções, naquela ocasião, bombeando água do Paraopeba para o sistema Manso e Serra Azul, ao custo de R$168 milhões. Investimento inútil depois da contaminação do rio, diga-se de passagem.
Portanto, quanto antes à população tomar consciência de que vivemos o risco de um desabastecimento, maior será a oportunidade de reeducação e adoção de hábitos de consumo racionais, evitando desperdícios e uso indevido da água. Governos pró-ativos são aqueles capazes de antecipar as contingencias e enfrenta-las com inteligência, transparência e coragem. Não é prudente arriscar esperando que São Pedro ouça as preces de nossos “brilhantes” governantes. O assunto é sério e merece atenção das autoridades, afinal, nos adaptamos a quase tudo, menos à falta de água.
Vale lembrar que uma das civilizações mais desenvolvidas que viveram no planeta foi dizimada por uma dispersão causada por falta de água prolongada. Refiro-me aos Maias que ocuparam o continente centro-americano entre 1000 a.C e 900 d.C. Por volta de 850, a população começou a abandonar gradualmente as principais cidades e, em menos de 200 anos, a civilização, outrora a mais importante da América Central, ficou resumida a pequenas aldeias, tudo isso causado por um período de seca extrema. Exagerado eu? Pode até ser, porém não vale a pena pagar para ver, o melhor é prevenir. Fica a dica!
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