Se o critério de escolha do prefeito de BH for o mesmo usado para escolha do governador, BH pode ficar livre dos petistas que dominam a PBH desde 1992

Desde que assumiu a prefeitura em 1992, o PT manda em todas as secretarias da prefeitura, e isso explica a decadência de BH

Foto: Reprodução PBH – Alexandre Kalil e Fuad Noman

O que está em jogo no próximo domingo não é apenas a escolha de um prefeito, mas o futuro de Belo Horizonte, e do mesmo grupo que comanda a prefeitura desde 1992. De um lado as mesmas pessoas que mudam de lugar dentro da estrutura da PBH, mas permanecem tomando as decisões importantes da cidade. Do outro, a novidade e a aparente inexperiência de um jovem impetuoso.

O grupo que administra a cidade desde a eleição de Patrus Ananias em 1992, é o mesmo. Trata-se de um projeto bem sucedido do PT no comando da cidade de Belo Horizonte que atravessou sucessivos governos, sem perder a hegemonia. Eles se sucedem, mas não largam o osso. O aparelhamento da prefeitura respeitou a lógica dos interesses de companheiros, valendo para as autarquias e secretarias estratégicas, todas predominantemente lideradas pelo PT. Se não no primeiro escalão, nos degraus abaixo, ou vice-versa.

O espirito de corpo da esquerda funciona como uma orquestra, e costuma não depender de quem está sentado na cadeira de prefeito, se a matriz ideológica for a mesma. Para a infelicidade dos belo-horizontino que assistem a decadência da cidade acelerar a cada mandato, todos os partidos que ocuparam a PBH depois de Patrus, estiveram alinhados com o Partido dos Trabalhadores e aos partidos de sua base política. É a receita para a tragédia e o atraso de qualquer cidade, ainda que ela seja rica.

Quando a esquerda está no poder, as decisões do primeiro e segundo escalão, respeitam a lógica da política e não são tomadas considerando as demandas da cidade, mas os interesses de quem comanda a política. A cidade parou no tempo e eles encontram argumentos para justificar a estagnação, na história e na preservação do patrimônio. São contra qualquer mudança que signifique progresso. Sair do lugar comum e empreender nas soluções de mobilidade, habitação e melhoria estética, dá trabalho e aumenta a autoestima da população. Todo mundo sabe que a esquerda se alimenta da pobreza, da desorganização, da feiura e da baixa estima dos eleitores que dependem de programas assistenciais, que é maioria.

Bruno Engler e a perspectiva do novo que gera dúvidas

Foto: Reprodução – Edição do Brasil – Romeu Zema e Bruno Engler

Do outro lado, a dúvida do novo, uma prefeitura comandada por um jovem que embora talentoso para a política, tem apenas 27 anos. Bruno Engler é uma incógnita do ponto de vista administrativo. Até aqui ocupou cargos no legislativo e manifesta-se eventualmente com o ímpeto de todo o jovem quando chega ao poder, por vezes impulsivo e agressivo.

A diferença é que o seu concorrente está cansado, doente, tem vícios incorrigíveis, e pertence ao mesmo grupo que deixou a cidade chegar na decadência em que se encontra, e que qualquer cidadão minimamente esclarecido consegue perceber. Nunca se viu uma cidade tão abandonada e mal cuidada. Pior, somente durante a gestão Kalil em que Fuad Noman foi vice, e isso já seria suficiente para ajudar na escolha se a população soubesse o que de fato acontece nos bastidores da política.

Entre o grupo que ai está, desde 1992 e que já deu provas da incompetência para administrar uma cidade com tantos problemas e desafios como BH, eu sou a favor de arriscar no novo, como foi na eleição que elegeu Romeu Zema. Entre o que já conhecemos com o próprio Fuad Noman e o que poderá ser a gestão Bruno Engler, apostar na pré-disposição ao trabalho do segundo, sua energia e suas companhias, é mais coerente com o que a cidade necessita para ontem.

Bruno promete um choque de gestão profissional, escolhendo seus cargos estratégicos no mesmo modelo utilizado por Zema no governo de Minas, respeitando critérios técnicos. Se de fato conseguir romper com os vícios e com a acomodação, para não dizer preguiça que toma conta das áreas técnicas da prefeitura, sobretudo àquelas ligadas à infraestrutura da cidade, vai dar um grande passo para BH sair do atraso que se encontra e recuperar o tempos de marasmo que soma mais de 4 décadas de total abandono e negligência dos gestores públicos.

Vale lembrar que o passivo de obras de Belo Horizonte não existe apenas por falta de recursos, hoje na casa dos R$50 bilhões para uma atualização mínima, (200 obras que já deveriam ter sido feitas há 40 anos), mas sobretudo pela leitura equivocada dos administradores públicos que são contrários à mudanças estruturais, em que pese o discurso de todos os candidatos serem o mesmo: “Fazer as obras que a cidade precisa”. Quase todos dá boca pra fora como o candidato do PT – o oportunista Rogério Correa, se considerarmos que quem administra de fato a cidade há 50 anos, é o partido dele.

No segundo escalão do governo onde as coisas acontecem na prática, especialmente os projetos, arquitetos e engenheiros responsáveis pelo atraso da cidade pertencem a grupos de matizes ideológicas cuja formação acadêmica está ligada a UFMG, boa parte deles com mestrado em cidade medievais europeias. São arquitetos e urbanistas concursados que vivem aqui, mas possuem vínculos afetivos com a Europa. Todos, sem exceção, esquerdistas adeptos da lei do menor esforço e do preservacionismo.

Boa parte deles, sobretudo os arquitetos, e alguns engenheiros conhecidos da imprensa, carregam paradigmas de que obras não melhoram a vida do cidadão e empurram o problema de uma esquina para outra. Ouço esse discurso há mais de 30 nos fóruns de mobilidade. É a tese de que a cidade não deve mudar para atender os 2,5 milhões de veículos, como se todos eles fossem autônomos e não tivessem por trás um cidadão. Para essa turma, cidadão que anda de carro não merece respeito e nem atenção, deve ser considerado de 2ª categoria. Só tem valor para eles quem anda de ônibus, de preferência em silêncio, sem reclamar.

É o discurso dos preguiçosos e xiitas de que a cidade é para as “pessoas”, e não para os carros.  Ou seja, na cabeça deles BH deveria permanecer como foi projetada por Aarão Reis em 1897. Mudar não é moderno, é coisa de “rodoviaristas atrasados”, de direita. Aprenderam isso nos seus doutorados em Toledo, Madrid, ou alguma universidade europeia com sede em cidades medievais que são imexíveis. O modelo americano de cidades com vias expressas, viadutos, pontes monumentais, passarelas, elevados e asfalto, fluidez é coisa de gente doida. O deles que é o certo.

Lá onde se formaram, as intervenções urbanas devem seguir critérios rígidos de manutenção das características originais. A ficha dessa turma não cai e eles acreditam que o problema da imobilidade é a escolha errada que a população fez ao optar pelo transporte individual no lugar de transporte coletivo. É o supra sumo da desconexão total da realidade. Querem que a população deixe o carro em casa e passe a andar de ônibus, a única alternativa de transporte coletivo que a cidade oferece. Vira e mexe, falam de metrô, mesmo sabendo que isso é uma utopia.

Oportunidade da mudança

Romper com este ciclo e com o pensamento que domina a área técnica da PBH só será possível se o prefeito entender que a cidade de Belo Horizonte não está na Europa, mas em Minas Gerais, e que ela ficou parada no tempo por mais de 40 anos. Escolher um time que tenha essa consciência, conheça a cidade, e afastar as cabeças que estão aí desde 1992, ainda que indiretamente, pois vários são concursados, é um desafio que neste momento da história, somente Bruno Engler pode vir a entender e iniciar o processo de desmanche do atraso.

Trata-se de mudanças difíceis e demorada, pois o grupo que tomou posse das secretarias, incluindo as autarquias, conseguiu uma proeza, a de se multiplicarem por todas as repartições, no segundo e terceiro escalão. Um trabalho de doutrinação que deu certo e que para ser desarticulado, levará décadas, e vários mandatos. Alguém precisa começar.

Portanto, a vitória de Bruno Engler significa o ponta pé inicial para que BH comece a pensar em um futuro melhor, com uma cidade mais moderna e que acompanhe o desenvolvimento do século XXI, descolando dos paradigmas do século passado, que por preguiça, incompetência, doutrinação e interesses políticos escusos da esquerda, não querem que a cidade progrida.

José Aparecido Ribeiro é jornalista e membro do Observatório do Mobilidade de BH

Ex-presidente do Conselho de Política Urbana da ACMinas

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By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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