Sir Otávio Clementino despede-se do Primo Prima e da noite de BH deixando saudades

POR José Aparecido Ribeiro – Jornalista (opinião)

Uma estrela que se vai… Sir, Otávio Clementino, um Gentleman!

Tomo emprestado do poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), um trecho do poema que retrata a imagem do notívago, verdadeiro amante da noite, que brindava enquanto a cidade dormia. Este boêmio, de postura, gestos e olhares diferenciados, cuja passagem tantos corações alegrou, promovendo aproximações, sendo essa a sua real vocação, foi combatente feroz da tristeza e da solidão nas noites frias e quentes de Belô.

Sempre rodeado de amigos, em longa trajetória no Primo Prima Prime Club, endereço de incontáveis saideiras, como se não houvesse amanhã, fazia daquele latifúndio de apaixonados uma celebração constante pela vida. Se você não é ramo e nem da noite de certo não saberá de quem estou falando. Ele atendia pelo nome de Sir, Otávio Clementino, que vai deixar órfãos amantes da noite na capital mineira, peregrinos por quatro décadas dos carinhos que só ele oferecia.

O anfitrião cumpriu com louvor o seu dever. Alma generosa que amparava por prazer e ossos do ofício a muitas outras, independente de gêneros, posição social e bolsos. Otávio tinha nome de imperador Romano, mas era um ancião, conheceu o escaninho personalizado da paixão de milhares de clientes, amigos e frequentadores, foi cúmplice de notívagos como ele. Não gostava de ficar sozinho repetindo quando a casa estava vazia: “Eu tenho horror de gente que vai embora. Eu só gosto de gente que fica”.

Gostava das pessoas atribuindo a elas valores e cortejos personalizados, por meio de critérios próprios exaltando sempre qualidades e escondendo defeitos, dom que não se aprende em escolas de marketing nem nos divãs terapêuticos. Ele deixou exemplos de superação, modéstia e companheirismo, ao oferecer sorriso largo, trejeitos, porções de pão de ló e uísque legítimo em endereço nobre na Rua Gonçalves Dias, 926 no Funcionários, palco de estórias sem fim, e impublicáveis.

“É preciso te embriagares sem trégua. Mas de quê… De vinho, de poesia ou de virtude… A teu gosto, mas embriaga-te”.

Nossa bênção e saudade eterna do Rei da noite que dorme o sono dos justos, agora para sempre, em silêncio…

jaribeirobh@gmail.com = WhatsApp: 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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