Ela foi mãe, pai, mãe avó, conselheira, provedora, norte, razão de viver, exemplo de superação e bondade
Os últimos três dias da minha vida foram de despedida da pessoa que embora soubéssemos que um dia poderia partir, jamais imaginávamos que pudesse ser tão importante e amada. A minha “Lady Laura” foi embora para nunca mais voltar.
Estamos dilacerados, anestesiados, saudosos, chorosos, sem chão, tristes, com dor na barriga, no estomago, no coração, nos olhos, no esôfago, baço, rim, pernas, cabeça, ossos e com a sensação de vazio que não havíamos experimentado até aqui. Perder o pai pesa, perder a mãe dói muito mais, e só quem já experimentou sabe do que estou falando. Nossa ligação com elas respeita uma ordem inexplicável, que se funda no misterioso plano divino.
A minha foi muito mais do que mãe, ela conseguiu o improvável para uma mulher com pouca instrução que ficou viúva aos 38 anos, sem formação acadêmica, nem lenço ou documento. Foi mãe, pai, avó, mãe avó, conselheira, provedora, exemplo de superação e bondade. Suas virtudes eram imensuráveis em um mundo cruel, imediatista e superficial como o nosso. Ela lutou, sobreviveu e venceu.
Sua partida na presença de pássaros cantando na janela do quarto do hospital, às 22h40, minutos após o último suspiro, é coisa divina que nos liga ao criador, e que a razão não explica. Alguém já tinha visto um casal de pássaros na janela de um hospital, à noite e cantando alguns minutos depois da pessoa perder os sinais vitais? Eu nunca soube.
Pasmem, os mesmos pássaros estiveram presentes e se misturaram aos poucos amigos e parentes no Cemitério Parque da Colina, na tarde de sábado (25), enquanto o caixão descia na sepultura. Sem se incomodarem com quem estava lá, eles observaram o rito de passagem, cantando como fizeram na noite anterior na janela do hospital. A cena de cinema e prova da existência metafísica, com testemunha, inclui o encontro do casal que há 48 anos não se encontrava – meu pai e minha mãe: Presciliana Flausina Ribeiro e José Pedro Ribeiro, agora juntos de corpo e alma para eternidade.
Diante de tantas emoções e de um misto de sentimentos avassaladores, dilacerantes, as palavras sumiram, assim como a motivação pela vida, ainda que seja temporariamente, como dizem. A agonia de Dona Naná e sua passagem deixaram o mundo sem cor, sem cheiro, sem graça. Mas a vida precisa seguir, ainda que a dor que invadiu nosso peito, pareça sem fim.
Juntando os cacos, que insistem em se multiplicar, meio atordoado e sem rumo ou palavras para dizer mais sobre o nosso drama e quem era Dona Naná, recorro ao texto da minha filha Fernanda para esta última homenagem a minha Lady Laura (Dona Naná), a quem peço perdão publicamente pela minhas falhas, mal criações e eventuais impaciências, face a sua finitude que pra mim não existia. Te Amo Mãe, e se soubesse o tanto, teria me declarado muito mais vezes para você, que foi o ser humano mais forte que já conheci. Peço a sua Benção. Vai com Deus!
Por Fernanda Ribeiro Cunningham – Santa Maria – CA – 25 de maio de 2024
Foto: John, Fernanda e Dona Naná
“O céu está recebendo mais uma estrela, minha vovó querida! Vovó Naná, uma mulher forte, aguerrida, doce e bondosa! Um exemplo de superação que desde muito nova, viúva aos 38 anos, somente ela e Deus, criou tão bem meu pai, tia Lu, Bruna e eu. Sofia chegou depois, quando os tempos já eram melhores. Quando Bruna nasceu, papai tinha 16 anos, e eu vim um ano depois, quando ele tinha 17 anos. Ela foi quem matou no peito e nos encaminhou, claro com a presença de Deus, do papai e da mamãe que são exemplos de retidão.
E como eu ria das piadas mais engraçadas que ela fazia. A vovó Nana era uma mulher de virtudes, porém, a maior de todas era sua generosidade, fazia o bem sem olhar a quem! São vários os testemunhos. Um deles foi parar nos jornais e programa de TV quando ela ajudou um senhor que estava perdido, sem sabe que tinha Alzheimer’s, e a família conseguiu encontra-lo graças à ajuda dela. Sem conhecê-lo, deitado como um morador em situação de rua, na porta de casa, ela o acolheu, alimentou e foi em busca de informações sobre quem era aquele ser humano. E acabou encontrando a família que era de Vitória – ES.
As melhores memórias da minha infância foram no quintal da casa da vovó Nana que para mim era o paraíso. Era um parque de diversões natural! Como eu amava subir nos pés de goiaba e manga, jambo e tantas frutas. Era pomar, que não se vê nas cidades. E ela, sempre lá de baixo dizendo para eu e Bruna, ‘cuidado para não cair, ou, desce daí meninas’, rsrs.
O franguinho caipira, a couve com angu e feijão, a maionese dos domingos, que eu sinto falta já a algum tempo, pois estou fora do Brasil há 12 anos. Nas minhas idas e vindas, percebia que sua saúde já não permitia que ela cozinhasse como antes, mas não media esforços para nos agradar.
Que saudade do “refru” Morangon (como ela dizia) e iogurte que nunca faltava, e para quem viveu a infância na década de 90 em famílias humildes como a nossa, sabe que iogurte e refru era luxo.
E a vovó, mesmo com todos desafios e dificuldades, tão trabalhadora e desde nova já lidando com a saúde, sempre fazia de tudo pelo próximo, família e principalmente para agradar suas netas.
Em todas as minhas empreitadas, faculdade, Austrália, lá estava ela, me apoiando junto com o meu pai e minha mãe. Tão vaidosa, sempre usando batom e bem elegante, a casa dela era um brinco, um capricho em tudo que fazia, sempre! ‘Passa o batom para sair nandinha, cuide na boa apresentação`.
Tanto aprendizado, convivência, Bruna e eu somos meninas criadas com vó, assim como a Sofia foi com a Dina Fífi e também é exemplo de menina virtuosa. Deus é muito generoso comigo por ter me dado o privilégio de ser uma das netas da senhora Presciliana Flausina Ribeiro, (Dona Nana), meu grande exemplo! Que a senhora está melhor agora e que Deus lhe recebeu com seu grandioso eterno amor, eu não tenho dúvida!
O amor, respeito e admiração que sinto pela senhora é tão grande que não cabe no peito, nem a saudade que eu já sentia e agora se multiplicou! Te amo demais vovó! 2Timóteo 4 7-8.”
José Aparecido Ribeiro – Jornalista
Wpp: 31-99953-7945 – www.zeaparecido.com.br
Oi Zé,
muita tristeza, porque experimentei o que está sentindo é amargo
e nos tira o rumo e o prumo.
Parabéns para Fernanda, vivi suas palavras e senti seu amor pela vovó Naná.
Nessas horas o nosso melhor amigo é o tempo, ele tira a dor e coloca na memória para que sigamos em frente.
Abraços afetuosos!
Estou comovida. Estou sentida. Estou pedindo a Deus que abrande o mais breve possível o coração de todos que “amam” a Dona Naná.
Zé , sintam todos os dias a presença da sua Mãe..porque ela continua presente em vocês. Continua a ser um PRESENTE divino que vocês tiveram a honra e privilégio de receber.
Sua Mãe com toda certeza continua orgulhosa da família amorosa, a que ela se dedicou e obteve sucesso em sua missão.
Deus os carregue no colo nesse momento de extrema dor.
Parabéns pelo filho dedicado que foste. Você e Fernanda foram incríveis ao descrever a amada, guerreira, forte, exemplar, insubstituível…. inesquecível Dona Naná. Emocionaram e levaram às lágrimas muita gente…
Se cuidem. Muita LUZ para todos.
Com carinho , Ana.
Prezado José Aparecido .
Fiquei emocionada com o modo que sua filha, Fernanda, falou sobre sua Lady Laura, dona Naná. Imagino o tanto que foi amada e
querida. Já passei por várias perdas e só o tempo ameniza o sofrimento .
Deixo neste meu abraço de pesar e que Deus conforte o coração de todos da família.
Consuêlo
Prezado José Aparecido .
Fiquei emocionada com o modo que sua filha, Fernanda, falou sobre sua Lady Laura, dona Naná. Imagino o tanto que foi amada e querida. Já passei por várias perdas e só o tempo ameniza o sofrimento
Deixo neste meu abraço de pesar e que Deus conforte o coração de todos da família.
Meus sentimentos…
Chorei com texto de sua filha, tão verdadeiro!
😢
Meus sinceros sentimentos, por esta perda dolorosa. Que Deus console os corações de todos que a amavam.😥💔🙏🏼Preciosa é a vista do Senhor, a morte de seus Santos. (Salmos 116:15)
Meus sentimentos Zé.
A minha, tal como a sua, partiu no dia 10/05/2024 (exatamente 14 dias antes da sua), com 91 anos.
A minha só não ficou viúva por tanto tempo como a sua. Meu pai faleceu no dia 21/01/2022.
Mas a minha teve a incumbência de criar os 5 filhos, já que durante décadas o meu pai foi caminhoneiro e rodou mais de 5.000.000 km por esse Brasil afora, deixando-nos aos cuidados dela.
Meus pais foram casados por 73 (setenta e três) anos, com muito amor e sem nenhuma discussão que presenciássemos.
De fato, a falta da mãe deixa um vazio enorme.
Perde-se a referência, perde-se o eixo… já que ela, sem dúvidas, é a pessoa que mais nos ama e conosco se preocupa.
Agora, a falta desse amor e da preocupação, nos deixa perdidos …
Imagino a sua dor sim… a minha é igual…
No seu caso deve ser muito maior, dado que a sua Lady Laura – Dona Nana, fez papel de mãe e pai por tantos anos… Sim, as mulheres do passado só se casavam uma vez. Quando o marido falecia ela se voltava para os filhos, e ponto. Na minha família tem muitas assim.
O semblante dela, Dona Nana, fala por si… muito simpática
Fique com Deus meu amigo Zé Aparecido!
Puxa vida cidinho!quando meu cunhado mandou para mim a noticia do falecimento de sua mae na minha memoria na rua frei Luis de souza uma casa de muro baixo com grade lembro na minha adolecencia indo para escola no candida passando sua mae saindo no portao com uma roupa lilas por sinal muito bonito pois é lembro de vc tambem usando calça jeans largas indo para escola que saudades do bairro, das vizinhanças .
Puxa vida cidinho!quando meu cunhado mandou para mim a noticia do falecimento de sua mae na minha memoria na rua frei Luis de souza uma casa de muro baixo com grade lembro na minha adolecencia indo para escola no candida passando sua mae saindo no portao com uma roupa lilas por sinal muito bonito pois é lembro de vc tambem usando calça jeans largas indo para escola que saudades do bairro, das vizinhanças .
Meus sinceros sentimentos 🙏
Deus sabe o quanto sua mãe foi amada por você e seus filhos, esse relato de sua filha diz tudo sobre ela.
Uma mulher forte e guerreira que sabia agregar os seus e com um coração generoso ajudando os desconhecidos.
Quantos ensinamentos ela passou e que mulher brilhante ela foi.
Tenho certeza que a missão dela foi cumprida com maestria pois Deus enviou dois anjos em forma de pássaros para fazer a passagem dela.
Nem imagino a dor de vocês mas tenho certeza que ela se sentia muito amada e feliz por ter conseguido ser uma mãe e avó exemplar.
Deus conforte o seu coração e de seus familiares.
Só a perda de um filho supera a dor da perda da mãe. Ainda mais que Dona Naná viuvou aos 38 anos. Foi ela o esteio que sustentou sua família. Me comove só em imaginar quão dilacerados estão vossos corações. Mas é uma situação que tem que ser enfrentada, até como forma de gratidão a uma pessoa que foi tão querida por vocês. E como gratidão sejam sempre aquelas pessoas que ela se esforçou, durante toda sua vida, que vocês fossem. Que Deus conforte vossos corações.
Meus sentimentos amigo, sabemos que todos nós passaremos por isso um dia, pois estamos aqui de passagem, mesmo assim e difícil aceitar. Minha Leide Laura vai fazer 100 anos e já imagino a dor de qd ela partir. Que Deus dê o descanso eterno a sua mãe e paz aos corações da família.
Querido Zé:
Sinto muitíssimo por esta triste perda . Que Deus receba Dona Nana com aconchego e conforte o coração da família e amigos . Estou certa do quanto sua mãe foi amada e honrada ao ler esta comovente homenagem de sua filha Fernanda .
Emocionante e sincero depoimento , que sintetiza o sentimento de quem amou e foi amado verdadeiramente !
José Aparecido, o sentimento da perda de uma mãe deve ser incomparável, mas lembre-se que invisibilidade não significa ausência, a essência da nossa vida está no espírito, que é imortal! E pelo texto deve ter tido uma vida de amor, dedicação e desprendimento, e já deve ter sido amparada pela espiritualidade e hoje deve estar se refazendo em uma colônia espiritual! Fica a saudade, mas, a esperança de um reencontro no Mundo maior, que é a Pátria Espiritual, aqui experienciamos vidas para ganhar cabedal para nossa evolução moral e espiritual! Paz e luz!
Meus sentimentos, Zé Aparecido! Fico triste demais, pois mães, deveriam nos ensinar a vivermos, sem elas!
Querido amigo,que Deus lhe dê muito conforto e força para superar esta enorme perda.
Os meus profundos sentimentos à você e toda sua família,do fundo de meu coração.
Dr José Aparecido, os pêsames á Família Ribeiro, aqui de Natal, Rio Grande do Norte
Meus sentimentos a você amigo querido!
Sua Mãe, linda, uma Diva, Matriarca só plantando virtudes!
Só o tempo vai transformar esta dor em Saudade Amada.
Ela com seu Pai lá no Céu, feliz e cuidando da prole.
Bendita Dona Naná! 😍🫶🏽💫💫💫💫💫🙏🏽🙏🏽🙏🏽❤️❤️❤️💐💐
Zé, Dona Naná é minha Dona Expedita, que há seis anos resolveu partir e essa dor que dói de não parar. Mulheres de um outro tempo, forjadas em material que não se fabrica mais, que me perdoem as mães modernas, mas a Dona Expedita, assim como a Dona Naná, são de outros tempos. Certamente os pássaros continuarão cantando afinal, quem sabe eles até conheçam o paraíso onde Dona Naná está, e venham nos contar segredos de lá. Força meu irmão, Dona Naná cumpriu bem sua jornada voltiu pra casa! Um beijo no seu coração, meu irmão, sinto sua dor.
Zé Aparecido, lamento muito meu amigo. Sabemos que aqui nós estamos apenas de passagem. Ela agora está com Deus e, um dia, todos nós estaremos, se fizermos o dever de casa.
Que Deus conforte o seu coração e de seus familiares.
José Malheiro – Planaltina-GO