Tudo começou quando a Gol e da TAM transformaram as saídas de emergência em assentos conforto, e acabaram com a franquia de 23 kg para bagagens . Em breve o ar será cobrado para quem não levar balão de oxigênio

A sanha dos executivos das companhias aéreas para aumentar o faturamento não tem limites. Não vai demorar muito para elas começarem a cobrar o ar que se respira dentro dos aviões. O desatino dos executivos para tirar mais uma casquinha dos passageiros tem requintes de cinismo e crueldade, pois sempre que propõem alguma taxa nova, calçam a cara e sem perder a pose, dizem que é para o “conforto do cliente”. As taxas aumentam em valores e em quantidade, na cara dura, e o passageiro, se quiser, vai de ônibus, barco, bicicleta ou a pé. E não tem para quem reclamar.
A mentira é uma prática na aviação comercial brasileira, eles não perdem a pose, e sabem que a falta de concorrência permite a eles fazer o que bem entendem, sempre para o “bem” do passageiro. A ANAC não passa de um cabide de empregos e esta se lixando para o usuário, sempre obrigado a se submeter aos desejos de CEOs avarentos desconectados da realidade do usuário do transporte aéreo, que em vários estados, tem o avião como único meio de transporte para se conectar ao mundo.
Por que estou dizendo isso?
Explico: Tudo começou por volta de 2005 quando as primeiras cadeiras dos aviões da Gol e da TAM ganharam alguns centímetros nas primeiras fileiras e as saídas de emergência foram transformadas em assento conforto. Comendo pelas beiradas, fingindo de santos, sempre com a ladainha que era para o bem de todos, começaram a cobrar pelas primeiras fileiras e pelos assentos da saída de emergência. Quem tem mais de 1,90 m, é obrigado a se espremer e viajar desconfortavelmente, ou pagar pelo que deveria ser uma obrigação das companhias por questões de segurança, a ocupação das saídas de emergência.
Depois disso veio as taxas de remarcação, que começaram simbólicas, sorrateiras, de fininho e que hoje custam as vezes o dobro do valor da passagem, quando por algum motivo justo, o passageiro chegou atrasado para o check-in, hoje com tolerância zero de atraso. Recentemente perdi um voo tendo chegado com 55 minutos, ou seja, 5 minutos após o “encerramento”. A brincadeira me custou mais de R$2 mil, mesmo a passagem tendo custado R$400. Ninguém perde um voo ou atrasa por querer, mas por força maior, sobretudo em cidades onde caos no trânsito é rotina.
Foto: Benito Gama/Agência Brasil
Lembro-me dos tempos em que pegar o próximo vôo, era apenas uma questão de ir até o balcão e pedir para que a passagem fosse remarcada, sem abuso de taxas impagáveis. Em seguida veio o “mimimi” da cobrança de bagagens acima de 10 kg, tudo para o nosso “bem”, claro e não para atender a sanha de CEO´s avarentos. As bagagens até 23 kg eram franqueadas, hoje custam mais caro do que as próprias passagens. Eles esquecem que nos aeroportos, não existem só executivos PJ viajando, mas gente pobre que mal tem o que comer.
No entanto, o que eles não esperavam é que a cobrança de bagagens viraria um tiro no próprio pé. 90% dos passageiros, cansados das mentiras, das taxas, dos abusos e do preço exorbitante das passagens, se adaptaram e hoje viajam apenas com bagagens de mão, em malas pequenas de 10 kg. O problema é que elas não cabem mais no compartimento de bagagem interno dos aviões, e não tem espaço para todos, transformando a vida dos despachantes em um verdadeiro martírio. O agravante é que ninguém passa mais no balcão para despachar bagagens, com o advento do check-in on -line, e o ponto de encontro é na fila de embarque, já na porta dos aviões.
Virou rotina o malabarismo dos despachantes de check-in que são obrigados para não deixar o voo atrasar, usar contorcionismo, via de regra, nos fingers ou mesmo na porta dos aviões para despachar bagagens às pressas, pois os compartimentos acima dos acentos estão sempre lotados, e com risco, no caso de turbulências, de caírem na cabeça de passageiros e causarem acidentes. E eles tem coragem e a cara de pau de dizer que é “cortesia”.
Foto: Ana Luíza – Agência Brasil
Ou seja, a gula por alguns centavos a mais no caixa, provenientes de despacho de malas acabou virando um problema operacional que costuma causam desconforto para quem viaja como sardinha em aviões cujo espaço são cada vez menores. E não se atreva a sentar nas saídas de emergência, você pode ser expulso por algum, alguma ou “algumes“ “comissariês” mal “educades”.
Sentar na saída de emergência em aviões da Latam é pecado mortal
Esta semana em um voo da Latam de São Paulo para Chapecó, após o comandante anunciar 10 mil pés, e iniciar o procedimento de descida, o passageiro que estava sentado ao meu lado na cadeira “E” pediu licença para ir ao toalete. Estávamos uma fileira à frente da saída de emergência. A fim de facilitar na sua volta, sentei na cadeira de emergência “F” e aguardei ele retornar. As três estavam vazias – D, E e F.
Quando voltou, resolveu sentar no meu assento “F”. Faltavam poucos segundos para o avião aterrissar em Chapecó, e o aviso de atar os cintos já havia sido acionado enquanto ele estava no banheiro. Por segurança permaneci na saída de emergência. Pasmem, para a minha surpresa, um, ou a “comissariê” de bordo, exigiu que eu voltasse para o meu lugar, pois aquele assento era conforto e eu não poderia estar lá. Educadamente mencionei que faltavam segundos para o avião aterrissar, mas “ela” foi inflexível, exigiu que eu levantasse e fosse para o meu assento.
Sem o menor traquejo, educação ou respeito, bateu nas costas do passageiro que sentou no meu lugar e mandou que ele voltasse imediatamente para o assento dele, e me obrigou de forma ríspida a voltar para o meu. Repito, faltavam alguns segundos para o avião pousar. O, ou a “comissariê” estava apenas cumprindo ordens… Sua capacidade de exercer a profissão, sua inteligência emocional e jogo de cintura é menos 10, e não zero. Se fosse zero tinha conserto, esta não, sua arrogância era maior do que sua vocação para o ofício.
Para não cansar o leitor, não vou reclamar do serviço de bordo, até porque ele não existe mais. Alguns, como o da Latam, para não dizer que não “falam de flores”, serve um copo d’água e um pacotinho de biscoito, com uma unidade. Por enquanto o gelo é de graça, mas o serviço, ah, esse continua piorando a passos largos, diferente da conversa fiada de que as passagens, com a cobrança de bagagens, teriam o preço reduzido.
A quem reclamar? Quem sabe o papa, o bispo ou ao espírito do Comandante Rolim. Este sim digno de saudades por sua capacidade de enxergar além dos cifrões e das aparências, no trato direto com o passageiro, tratando ele como pessoa e não como um número insignificante e descartável. Das três, a Latam segue batendo recorde de mal atendimento, desrespeito e inflexibilidade. Se você chegou até aqui, compartilhe com as suas redes sociais e listas de whatsapp, quem sabe eles nos ouvem.
José Aparecido Ribeiro é jornalista e presidente da Abrajet-MG
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