Com menos de dois meses de mandato, Élio e Raphael terão que provar que não houve irregularidades no processo eleitoral e que não são “um médico e coach de carreiras ilibadas”
A população da bucólica cidade de Itabirito-MG na Grande BH, pode ser surpreendida em breve com uma notícia que vai deixar muita gente surpresa. Isso porque a qualquer momento pode acontecer uma reviravolta no quadro político, e, quem sabe até um novo prefeito. A cidade que tem aproximadamente 52.400 habitantes, possui uma rica história que remonta ao século XVIII, período da corrida do ouro em Minas Gerais.
Um dos destaques naturais mais notáveis da região é o Pico de Itabirito, cuja formação é de 1.586M, composta predominantemente por hematita, e que na época do Brasil Colônia, serviu como referência para viajantes, especialmente durante o Sec. XVIII. Itabirito também é conhecida por sua rica gastronomia, e pelo famoso e saboroso “Pastel de Angu”, considerado patrimônio cultural da cidade.
Além disso, o município abriga atrações turísticas como o Museu de Arte e Ofício e o Museu do Ferro, que celebram a história e a cultura locais. Outro destaque é o Arraial do São Gonçalo do Bação, local onde acontece festas tradicionais como o Jubileu e a Cavalhada.
Mas, o que nos traz aqui é a política e é sobre ela que circulam boatos que podem significar desdobramentos muito mais graves e reveladores. Aos poucos o que parecia só conversa de botequim, vem tomando forma pelas mãos do Ministério Público (MP) e pela Justiça Eleitoral, que, quando querem, e são chamados, não deixam pedra dobre pedra. Estão sendo questionadas a lisura e transparência nas eleições de 2024. E onde há fumaça, costuma ter fogo… Assim diz o dito popular.
Mutates mutantes, é preciso respeitar o resultado das urnas, assim como é necessário garantir transparência e respeito às leis. Pelo menos é o que se espera de democracias maduras e países onde o regime Republicano funciona realmente. E para isso, os dois órgãos responsáveis pela transparência e a lisura dos processos eleitorais precisam ser diligentes. Não há indícios de que será diferente neste caso, o que fica comprovado em processo que o Blog teve acesso e que vai no rodapé desta reportagem.
Com efeito, desde o final do ano passado, os eleitos prefeito e vice-prefeito de Itabirito, Élio da Mata e Raphael Rondow, estão sendo alvo de denúncias no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e no MP, algumas em segredo de justiça. As acusações envolvem SUSPEITAS de abuso de poder econômico, corrupção e fraude eleitoral nas eleições de 2024. Parece que foi ontem, mas já se passaram 4 meses.
Entre os principais pontos das denúncias disponíveis na Ação de Investigação (AIJE), destacam-se:
Uso Indevido de Servidores Públicos: Vários secretários e servidores públicos ocupantes de cargos de confiança são acusados de realizar doações financeiras expressivas durante a campanha eleitoral. As doações somam R$ 108.882,69, sendo algumas delas incompatíveis com os rendimentos mensais dos envolvidos.
Entre as situações registradas, destaca-se uma servidora de contrato temporário, que recebe R$ 3.800,00 mensais e teria doado R$ 7.000,00. Também é citada a doação de R$ 29.000,00 feita por um ex-diretor do SAAE, que, meses depois, foi substituído por um ex-secretário que também fez uma doação no valor de R$ 20.000,00. A principal suspeita é de que os valores teriam sido repassados aos servidores, que simulariam que estivessem doando para a campanha.
Doação Irregular:
Outra suspeita envolve uma doação de R$ 35.000,00 feita por um suposto sobrinho da ex-secretária de Comunicação e marqueteira da campanha. Isso levanta questões sobre a origem e a legalidade dos recursos, pois esse sobrinho não teria ligação alguma com o grupo político.
E não para por ai, há indícios fortes de ocultação de despesas: Um prestador de serviços que atua como testemunha no processo alegou ter recebido R$ 15.000,00, mas apenas R$ 5.000,00 foram declarados oficialmente. Há suspeitas que outros gastos não teriam sido devidamente registrados.
As investigações vão além e revelam contrato fictício: Um suposto contrato no valor de R$ 60.000,00, referente a um serviço que não foi realizado, teria sido firmado entre a agência de comunicação da ex-secretária de comunicação e uma mineradora do Acuruí. Há suspeitas que os valores envolvidos no contrato teriam sido direcionados para a campanha, em uma prática conhecida como “Caixa 02”. Empresa doa valores para um terceiro e este repassa via pessoas físicas.
Nos processos, que estão na fase de citação e convocação de testemunhas, os denunciantes solicitaram à Justiça a quebra de sigilo bancário de duas empresas e mais de 15 pessoas investigadas, a maioria servidores públicos.
Para os que acompanham o dia a dia da política, não custa lembrar que em 2019 o ex-prefeito Alex Salvador foi cassado por recebimento indevido de R$ 21.000,00. Funcionários de uma empresa de ônibus teriam doado valores suspeitos que não condiziam com a realidade. Anos antes, os ex-vereadores Rocha do PT e Zé Maria também foram cassados devido a gastos excessivos em suas prestações de contas.
Há quem diga que não dará em nada, enquanto outros afirmam que, se comprovadas as irregularidades, haverá cassação e uma eleição extemporânea em menos de dois anos.
Com menos de dois meses de mandato, Élio e Raphael terão que provar que não houve irregularidades no processo eleitoral e que não são “um médico e coach de carreiras ilibadas” ocupando cargos de fachada para mascarar as falcatruas de um grupo corrupto. Coisas da política brasileira que não para de surpreender até os mais experientes do ramo. Quem viver, verá! Voltamos ao que interessa para a maioria dos mortais. Quinta-feira a vida volta ao normal e quem consegue discernir sobre sobre a gravidade do problema, mande notícias.
Quem quiser mais informações, encontra na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) Nº: 0600634-27.2024.6.13.0133
José Aparecido Ribeiro é jornalista e editor
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Realmente “Onde há fumaça, há fogo”, até que se prove o contrário!!!