Há 20 anos presente no evento, Minas celebra os laços culturais por meio da música de raiz dos dois países

A Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) é o principal evento do setor turístico em Portugal, reunindo profissionais e público em geral para explorar tendências, destinos e oportunidades de negócios. A edição de 2025 ocorreu de 12 a 16 de março, na FIL – Feira Internacional de Lisboa.
Celebrado em 2025, o Ano das Artes de Minas Gerais é um tributo aos artistas e aos destinos que são referência na arte, uma forma de romper barreiras geográficas e sociais com muita criatividade. E foi com esse apelo que a comitiva mineira encerrou sua participação na Bolsa de Turismo de Lisboa – a BTL. Chico Lobo e o português Pedro Mestre abrilhantaram o estande tocando juntos modas de violas caipira e campaniça, uma tradição do Alentejo.
O Blog conversou, por telefone, com o Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, o arquiteto e PhD em Cultura, Leônidas Oliveira sobre a presença de Minas neste importante evento em Lisboa, e o porquê da escolha de Chico Lobo e Pedro Mestre: “A presença da viola no estande de Minas Gerais na BTL reafirma nossa identidade cultural e as profundas conexões históricas entre Minas e Portugal. Mais que um instrumento, a viola é um patrimônio sonoro que traduz a alma do nosso povo e convida o mundo a experienciar a riqueza da nossa tradição”, destaca o comandante em chefe da maior revolução que o turismo e a cultura mineira já presenciaram.
O repertório dos dois violeiros é basicamente instrumental. São três momentos de apresentação: dois solos de Chico Lobo e um com os dois violeiros, com duração de 30 minutos. A ação na BTL Lisboa, que terminou hoje domingo (16/3), e integrou o AMA – Ano Mineiro das Artes, programa da Secult-MG. Chico Lobo conheceu Pedro Mestre em 2006, quando foi mostrar suas afinações em terras lusitanas.
O encontro dos violeiros ocorreu pela primeira vez na cidade de Serpa. De lá para cá, eles promoveram vários shows no Brasil e em Portugal, que resultaram em um DVD, um documentário e em um evento maior, o Encontro de Violas de Arame, que já está em sua décima edição e reúne violeiros brasileiros e portugueses.
A cultural mineira e alentejana no palco
A viola do Alentejo é conhecida como Campaniça, e disso Pedro Mestre entende como ninguém. Os historiadores portugueses definiram o nome das violas de acordo com a região, e slas são muitas: Viola braguesa (Minho), a viola beiroa (Beira Baixa), a viola de arame (Ilha da Madeira) e a viola da terra (Açores). “São todas violas de arame, que até originaram a nossa viola, que é incorporada a partir da madeira brasileira e ganha características regionais”, explica o músico brasileiro Chico Lobo, que também proseou com o Blog ao lado do Secretário Leônidas.
As sutis diferenças no modo de tocar são marcantes e culturais: enquanto a viola campaniça o músico toca com o polegar, a caipira é com o polegar e o indicador, podendo inclusive usar outros dedos. O formato da campaniça também é diferente: ela parece quase um oito a caipira menos cintura. Mas o bonito, segundo Chico Lobo, são as semelhanças entre os instrumentos. Ambos são cinco ordens de corda dupla e tocam e representam uma cultura de identidade muito arraigada. “Assim quando soam juntas realmente parecem mãe e filha”, acrescenta.
O artista que é um dos mais experientes do Brasil no manuseio da viola caipira, agradeceu o governo de Minas pelo convite e pela oportunidade de poder dividir o palco com Pedro Mestre que em seu ofício, é um dos mais respeitados de Portugal.
A junção da campaniça, com duas violas portuguesas, e a viola-mãe, a caipira brasileira, formam uma sonoridade que encantou a plateia. “Convidei Pedro Mestre, este que é um dos principais artistas da viola portuguesa, para mostrar o nosso Encontro de Violas, que completa 20 anos, mostrando essa partilha da viola mineira com a portuguesa”, destaca.
O público composto de agentes de turismo de diversos países europeus, ouviu trechos da ópera “Matraga”, inspirada em “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, fazendo a ponte com o sertão do escritor Guimarães Rosa, enquanto Pedro Mestre apresentou toques de viola ancestral campariça, o despique, um estilo musical tradicional do Alentejo que lembra o improviso. “A viola é um patrimônio de Minas Gerais e é um sonho poder levar o reconhecimento de nossa viola para Portugal, que é a sua origem”, encerrou Lobo.

A BTL reunião mais de 1500 expositores e promoveu 600 eventos de negócios
A comitiva liderada pelo secretário Leônidas Oliveira retorna ao Brasil com grandes perspectivas e contatos promissores realizados durante os 5 dias de eventos na capital lusitana. Este ano, a BTL contou com mais de 1.500 expositores representando destinos, culturas e serviços, que passam a ser explorados, alguns virando tendências do turismo global.
Durante os cinco dias do evento, foram programados mais de 600 eventos, incluindo conferências, workshops, apresentações culturais e experiências interativas. Minas esteve presente em todos.
A BTL 2025 se destacou por oferecer novas áreas temáticas, como o BTL Weddings, que é uma plataforma para marcas e profissionais do setor apresentarem soluções inovadoras e personalizadas para casamentos.
Além disso, chamou atenção espaço dedicado ao Enoturismo, promovendo a oferta de turismo de vinhos, e uma área voltada exclusivamente para o turismo LGBTI+, refletindo a diversidade e inclusão no setor, que é um dos que mais consomem produtos turísticos no mundo.
José Aparecido Ribeiro é jornalista, membro da Abrajet-MG e do Sindijori
www.zeaparecido.com.br – WhatsApp: 31-99953-7945 – jaribeirobh@gmail.com
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