A que ponto nós chegamos. Os órgãos gestores do trânsito da Capital acabam de confessar em alto e bom tom que perderam a capacidade de gerenciar a circulação da frota da cidade que ultrapassa 1,5 milhões de veículos. Ou seja, estamos a deriva de sinais e da própria sorte. Estão dizendo, para todo mundo ouvir, que não dão conta do recado. Em qualquer outra cidade de país civilizado do mundo, toda a cúpula destes órgãos seriam substituídas imediatamente pelo Prefeito e pelo Governador. Aqui, passam a mão nas cabeças "iluminadas" e ainda acham bonito, são considerados referencia em mobilidade e transito.
Na iniciativa privada, por mais “competente” e famoso que o executivo seja, se ele não alcançar as metas, é sumariamente demitido e substituído, não há apego por personalidades e nem tampouco por “amigos” do dono da empresa. O que vale é o resultado. Isso revela, não por acaso, o por que do caos nas ruas de Belo Horizonte. Enquanto obras como as do Viaduto Carlos Prates não se tornarem realidade, dando fluidez ao trânsito nos mais de 150 gargalos que a cidade possui, o correto seria uma boa gestão do trânsito, onde ele trava. Sempre os mesmos lugares. Porém a BH Trans e a PM acabam de confessar que não tem instrumental e nem contingente para isso.
É importante lembrar que em 1982 o Batalhão de Trânsito da PM possuía 1.450 agentes. Naquela época a cidade tinha 250 mil veículos. Hoje a cidade recebe diariamente quase 2 milhões de veículos, e o Batalhão de Trânsito conta com apenas mil homens para trabalhar em 2 turnos. O correto é que a fiscalização fosse feita pela PM diuturnamente, até que as obras aconteçam quando os políticos acordarem do sono que encontram-se. Mas para isso o numero de policiais deveria ser de no mínimo 3.500 agentes.
A BH Trans há muito perdeu a credibilidade e o direito de usar a caneta como método pedagógico. Cabe ressaltar ainda que o Policial Militar, além da autoridade, goza da confiança e do respeito da população. BH espera por um gesto de solidariedade do Governador e do Prefeito, pois o ato de deslocar virou um sacrifício, a qualquer hora do dia, inclusive nos finais de semana, quando a maioria está de folga e o trânsito a deriva.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos.
Presidente do CEPU ACMINAS
ONG SOS Mobilidade Urbana
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