Passada a “missa de sétimo dia” das vítimas e a exploração midiática sobre a tragédia no Anel Rodoviário de BH, ocorrida na tarde de quarta feira dia 6/9, cujos perdedores foram apenas as famílias das vítimas, até que outro acidente ocorra e outras famílias possam viver o luto, vamos ao que interessa. Este é o oitavo acidente no mesmo lugar, pelos mesmos motivos. Mas nossas autoridades, em especial o Prefeito, parece não compreender as causas.
Na tentativa de extrair da tragédia alguma lição, em um país destruído pela falta de compromisso de agentes públicos, é necessário dar a “Cesar o que é de Cesar” e sair da conversa inútil ou da “fanfarronice” que tem sido traço da atual gestão municipal, cuja especialidade é futebol e não a administração pública, embora tenha acertado em algumas áreas, que não é a relacionada ao trânsito.
A declaração do Prefeito sobre a municipalização do Anel Rodoviário só não é mais absurda por que ainda tem gente seria trabalhando. Embora aplaudida pelos incautos e pela “massa”, não tem cabimento. Pela primeira vez em 20 anos, o DNIT de MG tem gente comprometida no seu comando. O Anel, pouca gente sabe ficou sob a tutela do Estado de 2012 a julho de 2016. Desta data em diante, até março de 2017 a responsabilidade esteve a cargo da diretoria do DNIT em Brasília. E a partir de Março/2017 vem sendo administrado pela atual superintendência de MG.
Portanto, a herança “maldita” é um “filho feio sem pai”, que encontrou um padrasto recentemente e que vem tentando, aos trancos e barrancos, sob pedradas, como se fosse a “Geni”, recuperar o tempo perdido. As causas de acidentes como o que aconteceu na última quarta são conhecidas. Estreitamento de pista na passagem de nível (linha do trem) no Bairro Industrial e o afunilamento de pistas na passagem sobre a Avenida Amazonas.
Os dois estreitamentos causam engarrafamentos em um local que não pode haver interrupção de tráfego. O correto, pela lógica, já que bom senso é termo em desuso, são carros em movimento e não parados naquela “via expressa”, ou rodovia. Para efeito de compreensão da mecânica dos acidentes no trecho mais mais complicado do Anel começa de fato na descida da BR 040 após a entrada de São Sebastião de Águas Claras, antes da “Mutuca”. E termina 10 km depois no bairro Betânia, no final da descida.
Motoristas pouco experientes e que não conhecem a via tendem a “FRITAR AS LONAS DE FREIOS” dos caminhões neste percurso. E quando necessita deles, eles costumam não funcionar. Mesmo os mais experientes correm o risco de não conseguir desacelerar o caminhão a tempo de evitar as colisões traseiras em carros parados por causa de congestionamentos. Repito: onde eles não poderiam estar parados em nenhuma hipótese.
Lembro que o Anel é uma Rodovia Federal de direito e uma via expressa de fato, a única que a cidade possui, e que serve como rota alternativa para quem deseja atravessar BH de norte a sul ou vise versa, sem interrupção de tráfego. A velocidade real é de 100km/hs e não 70km/hs como desejam as autoridades de plantão que empurram o problema para as vítimas. É mais muito mais fácil culpar inocentes pelas tragédias do que chamar à lide, o Ministério dos Transportes.
O DNIT tem projetos para 5 intervenções que servirão para eliminar os principais estreitamentos de pista que causam engarrafamentos, embora sejam 13 no total. Os cinco atendem parcialmente e emergencialmente a necessidade de evitar os acidentes como o que ocorreu na semana passada. O oitavo no mesmo lugar, com vítimas fatais e pelos mesmos motivos. Sou testemunha das verdadeiras causas de acidentes alí há mais de 20 anos, e o Google as tv´s, as rádios da Capital, os jornais que possuem memória, não me deixam mentir.
Com efeito, se deseja realmente resolver o problema, entregar para a BHTRANS a gestão do Anel seria uma TRAGÉDIA ainda maior, pois o órgão não dá conta de administrar a própria porta no bairro Buritis, nem o transito da Cidade. Quiçá o Anel Rodoviário. A sugestão para o prefeito é dar as mãos para o Superintendente do DNIT, e juntos cobrar da bancada Federal de Minas em Brasília a garantia das verbas para a execução dos projetos que terão editais publicados ainda este mês. O resto, tenho a impressão, são firulas, fanfarronices e especulações. E isso o povo não aguenta mais.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Presidente da ONG SOS Rodovias Federais de MG
Blogueiro do porta uai.com.br
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