Os motivos da queda do Viaduto Batalha dos Guararapes começam a aparecer revelando erros crassos que não podem jamais acontecer em projetos executivos feitos por empresas públicas (SUDECAP). O episódio que expos BH para o mundo de forma negativa, mostrou a fragilidade desta autarquia e deixou perguntas que precisam ser respondidas pela Justiça, se o compromisso for com a verdade. Como é possível, em 2014, diante de tantos recursos tecnológicos, um viaduto vir abaixo matando inocentes e fechando, por tempo indeterminado, um dos mais importantes corredores de transito da Capital? Quem vai pagar pelos prejuízos imateriais como perda de tempo, medo, vergonha e insegurança da população que mora ou precisa daquela via para chegar aos compromissos?
Até o momento, é preciso lembrar, ninguém foi responsabilizado e o jogo de empurra segue firme com os envolvidos tentando rolar a “batata quente” para as mãos uns dos outros. Recentemente, um acidente com um barco de passageiros no mar de Seul na Corea do Sul, levou o Primeiro Ministro daquele país, Chung Hong-Won a pedir demissão. 15 pessoas de governo ligadas ao setor de navegação tiveram pedido de prisão preventiva e foram detidas, até que as causas fossem esclarecidas. Repare que a natureza da catástrofe é diferente, mas o gesto do governante mostra compromisso e a postura ética que se espera de homens públicos.
Em qualquer outro lugar do mundo, secretários, superintendentes de autarquias que não fizeram o dever de casa, incluindo fiscais que deveriam, mas não cumpriram suas obrigações, já teriam sido afastados até que a resposta da perícia oficial fosse entregue a justiça e o caso esclarecido. Ao contrário do que sugere o bom senso e o dever de ofício do homem público, todos seguem trabalhando nas mesmas funções como se nada tivesse acontecido. São amigos do “Rei”, e com eles ninguém mexe. Alguns inclusive, seguem trabalhando à portas fechadas, evitando aparecer em público, torcendo para o tema sair do foco da mídia.
Não bastasse a responsabilidade subjetiva da PBH/SUDECAP, falharam neste episódio todos que de alguma maneira deveriam ter agido para evitar a tragédia, e não o fizeram: Câmara Municipal, CREA, Procuradoria do Município, Ministério Público, Ministério do Trabalho, Secretários da PBH envolvidos direta ou indiretamente nas obras feitas com dinheiro do “PAC Copa”, e até o Prefeito, que em ultimo caso, responde solidariamente pelas obras da Prefeitura. Negligencia, prevaricação, omissão são as palavras certas para qualificar o tamanho do vexame e alertar a população dos riscos que ela está correndo. Ainda há tempo de evitar que tragédias como essa ocorram novamente em obras inacabadas e as que a cidade precisa para se livras do caos no trânsito. A população clama por justiça e por reparações.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Presidente do Conselho de Política Urbana da ACMinas
CRA-MG 08.00094/D – 31-9953-7945