A ideia de transformar o Anel Rodoviário em avenida é tão absurda que chega a ser inacreditável. A cidade precisa urgente de mais vias expressas, pois o carro é uma realidade que não sai de cena, com ou sem transporte coletivo de boa qualidade. Com todos os seus defeitos, o Anel cumpre papel importante na distribuição do tráfego e no encurtamento de distâncias para quem desloca dentro de BH e entre os municípios do colar metropolitano.
Imagine a Linha Vermelha ou a Linha Amarela na cidade do Rio de Janeiro serem transformadas em avenidas? O Anel é uma “auto pista” (via expressa) e jamais será avenida. Os "especialistas" responsáveis por pensar em soluções para a capital mineira querem copiar o modelo de mobilidade de algumas cidades Europeias. Esquecem que a maioria delas tem topografia plana, clima frio ou temperado e foram construídas a mais de 1.500 anos. Enxergam apenas o centro destas cidades, mas não copiam o quem elas produziram em auto pistas, vias expressar, tuneis, edificações subterrâneas, viadutos, complexos viários gigantescos e alternativas de transporte coletivo.
BH foi concebida pelo Arquiteto e Urbanista Paraense, Aarão Reis, no final do Século IXX, tento a cidade de Washington, nos EUA como modelo, e não as cidades Europeias. Esquecem também que a cultural do brasileiro é muito mais parecida e influenciada pelo modelo Norte Americano do que pelo modelo Europeu. As cidades nos EUA, que deveriam servir de exemplo para as Brasileiras tem no carro mais do que um meio de transporte, mas um estilo de vida e sinônimo de liberdade. Foram adaptadas para o carro. Miami, Atlanta, Dallas, Nova York, Detroit, Los Angeles, San Francisco e outras, deveriam ser exemplos para Belo Horizonte.
Se a qualidade do transporte coletivo aqui for considerada, o carro torna-se ainda, uma necessidade indispensável. Quem pode, fará de tudo para ter um. E não faltam incentivos para isso: Linhas de crédito, uma indústria automobilística responsável por parcela significativa dos empregos nacionais, que não pode parar e sobretudo melhoria na renda do trabalhador. Se não bastasse, o carro é sonho de consumo de mais de 80% das pessoas no Brasil, independente de classe social.
A proposta de BRT para o Anel visa compensar as possíveis perdas que os concessionários de ônibus terão com o metro e outros modais de transporte coletivo que não serão feitos sob rodas. O que é legítimo, pois eles tem uma concessão de 20 anos, que deu inicio em 2008 e termina somente em 2028. Não podem ficar no prejuízo, fizeram investimentos e estão dentro da Lei. Contudo, essa não pode ser a única alternativa de compensação, pois existem outras, já que os ônibus, assim como os carros, não saem de cena, terão papel importante na alimentação das estações de metro, BRT, Monotrilho e VLT. Com efeito, a proposta de avenida precisa ser revista.
José Aparecido Ribeiro
Presidente do Conselho Empresarial de política Urbana da ACMinas
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos
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