Aniversário de BH. Pouco a se comemorar, muito a se pensar.

Belo Horizonte completou 120 anos e ao contrário do que mostra a propaganda oficial, encomendada possivelmente a preço de ouro e afinada com as diretrizes da assessoria de comunicação da PBH, a cidade vive momentos dramáticos.
Um olhar atento é suficiente para constatar que o buraco é um pouco mais embaixo e que a BH que se vê na propaganda não é a BH que vivemos na prática.

O aniversário foi marcado por declarações de políticos, personalidades do mundo artístico, empresarial e até de populares. Uma festa do faz de conta que subestima a inteligência alheia. As mensagens de WhatsApp se multiplicaram, com destaque para um vídeo que revelou as belezas da capital, com direito a voo panorâmico de “drone”, trilha sonora e imagens espetaculares de pontos conhecidos, amplificadas pela magia da computação gráfica e do marketing visual que encanta. Ainda que nada disso represente a realidade como ela é.

Recebi de diferentes grupos e pessoas palavras amistosas, saudosistas, proferidas com otimismo e esperança. Causa-me espanto e certa tristeza perceber, no entanto, que nenhuma delas tenha sido de reflexões sobre os verdadeiros problemas que afligem a população diariamente, com destaque para a imobilidade urbana e o caos que domina o centro da capital. O que se viu é semelhante ao universo perfeitinho do Facebook, ou do Instagram, aquele forjado em poses e gente sorridente… Chego a desconfiar que a BH da festa dos 120 anos, não é nem de longe a que conhecemos.

Sempre ouvi dizer que a unanimidade é burra. Aqui, além de burra, ela revela-se preguiçosa. Na acomodação, vamos todos dançar a mesma musica, o tom quem dá é a prefeitura e sua equipe de comunicação. Evidente que as mensagens de felicitações e as que foram construídas para comemorar o niver não destacariam o que a cidade tem de ruim, mostrariam suas perfeições. Mas houve de certo um exagero entusiasmado desconectado do presente que nos cerca.

Reparei que até as favelas apresentadas pelos vídeos foram romantizadas, distante dos morros que a cidade possui e que escondem a incompetência de quem nos governa há décadas. Nada disso é culpa do atual prefeito, ele recebeu uma herança “grega”, que não veio a cavalo, mas que vem sendo construída por pessoas iguais a nós, desde Maurício Campos.
Ele foi o ultimo a compreender que a cidade é um organismo vivo em constante mutação, e que para governa-la é necessário uma pitadas de ousadia, conhecimento de causa e idealismo.

Foi o último prefeito a intervir com visão futurística em BH. Depois dele a cidade vem sendo espichada através de “puxadinhos” paliativos, via de regra, medíocres. Repito, por servidores preguiçosos e acomodados. Alexandre Kalil não é e nunca será gestor de cidade. O voto não tem esse poder. Tampouco um bom técnico para escalar um time de ponta. Pelo menos não demonstrou até aqui espírito visionário. Não podemos exigir dele o que ele não pode dar. Com efeito, recebeu a cidade com os cofres vazios, prometeu não fazer nada e está cumprindo exatamente o que prometeu.

Possivelmente vai entrega-la ao sucessor sem grandes intervenções e nenhuma marca. Colocará culpa na falta de dinheiro, ainda que não seja dos cofres minguados a culpa do atraso, e sim da mediocridade que abateu-se sobre os que administram a cidade e que não querem ter trabalho, a “turma do deixa disso”. A arte de governar em épocas de crise não é apenas a de administrar recursos escassos, mas de eleger prioridades, montar times que saibam traduzir o desejo da população, e não o que alguns pensam ser o certo.

O erro de interpretação do momento que vive a capital tem um alto custo para economia e para o meio ambiente, e ele terá que ser pago, cedo ou tarde. Quem viver verá. Mentiras sinceras não Men interessam, mesmo as politicamente corretas!

José Aparecido Ribeiro
Jornalista e blogueiro no portal uai.com.br – Estudioso de temas urbanos
DRT MG 17.076 – jaribeirobh@gmail.com – 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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