As cidades Americanas devem servir de exemplo para BH.

O colapso do trânsito de Belo Horizonte é uma realidade e as autoridades seguem minimizando o problema. Para agravar, a BH Trans retirou-se das ruas. O tráfego está a deriva de sinais que não dão conta do volume de veículos. Convidados a manifestar, os responsáveis limitam-se a dizer que o BRT vai resolver o problema, e que a causa é o excesso de veículos. Ou seja, não dizem nada.

 

Especialistas contratados pela PBH  importam soluções de cidades europeias onde a topografia é plana,  o clima é temperado, e o transporte coletivo de boa qualidade funciona há mais de 150 anos. Metrô, trens suburbanos, monotrilho, VLT e ônibus com carrocerias adaptadas ao clima e a topografia, é uma realidade lá. Aqui o buraco é bem mais embaixo.

 

Nossos governantes insistem em dizer que obras não resolvem o problema: o que resolverá então? A capital precisa de mais de 150 delas para eliminar gargalos que não comportam mais puxadinhos ou paliativos. A sociedade brasileira escolheu o carro como meio de transporte e tem na indústria automobilística o carro chefe da economia e da geração de empregos.  

 

O Brasil não vai parar de produzir carros e as cidades terão que se adaptar a este novo cenário. Cidades onde o clima é quente e a topografia acidentada como Belo Horizonte, não tem alternativas, não adianta tentar construir ciclovias, restringir o uso do carro e apostar todas as fichas em modais como o BRT. Está provado que este modelo não é o sucesso que a PBH acredita. Portanto, as obras que a cidade precisa não são para o futuro, elas já deveriam ter sido feitas há mais de 30anos. 

 

Exorcizar o carro não resolve, é preciso construir vias e adaptar as que existem para a realidade de hoje. O carro é muito mais do que um meio de transporte, ele significa status, ascensão social e desejo de consumo da maioria dos brasileiros. Todo mundo que pode, tem o direito de ter um. Negar isso é desconhecer o problema ou tentar mudar a realidade na marra, e isso não funciona.

 

Túneis, trincheiras, viadutos, elevados,  vias expressas, passarelas não podem mais ser preteridos. O discurso aparentemente moderno de que a cidade é para as pessoas deve ser menos romântico e mais racional. Ela é de fato para as pessoas, as que estão a pé, as que estão dentro dos ônibus desconfortáveis, espremidas nos vagões do metrô e também para as que estão dentro dos carros paradas em engarrafamentos cada vez maiores e estressantes. Estamos falando de quase 2 milhões de pessoas, que fizeram opção pelo carro e tem o direito de ir e vir na metrópole.

 

Até que os paradigmas sejam quebrados e as obras  aconteçam, com a ajuda dos governos estadual, federal e com financiamentos internacionais, é urgente ações pró-ativas de gestão. De nada adianta lavar as mãos e assistir o caos tomar conta das ruas. BH precisa de um plano de emergência. Se eles não existem, os especialistas precisam buscar inspiração em modelos parecidos com os nosso. Eles estão no EUA, e não na Europa. Silêncio pode ser interpretado como birra, e birra não é atitude que se espera de administradores públicos sérios. A população exige ações capazes de minimizar o caos e um plano para enfrentar o problema que afeta a todos, urgentemente.

 

José Aparecido Ribeiro

Consultor em Assuntos Urbanos e Mobilidade

Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas

Presidente da ONG SOS Mobilidade Urbana

CRA MG 0094/94

31-9953-7945

 

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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