BH, metrópole ou roça iluminada?

BH, metrópole ou roça iluminada?

Artigo do leitor e amigo Romero Bittar.

Para compreender melhor esta pergunta devemos voltar ao passado:

Início:

“Belo Horizonte foi construída entre 1894 e 1897 para ser a nova capital de Minas Gerais e o símbolo da civilização e do progresso que a República desejava implantar no país. A cidade deveria ser cosmopolita e racional e contrastar com a antiga capital, Ouro Preto, expressão do passado colonial, imperial, rural e arcaico. Desenhada na prancheta de seus planejadores, entre eles Aarão Reis, foi construída em quatro anos e era apresentada como a prova de que era possível dar um salto no tempo.

Em seus primeiros anos, Belo Horizonte recebeu avaliações diversas. Para uns, era moderna e civilizada. Para outros, pacata e provinciana. Durante seus primeiros 50 anos foi uma cidade de funcionários públicos, habitada basicamente por forasteiros, já que poucos ali tinham nascido.”

Fonte: FGV – Lúcia Lippi Oliveira

O Furacão – JK – Primeira parte – Prefeito – 1940

“Juscelino Kubtischek  passou para a história da cidade como o “prefeito-furacão”, pela quantidade e rapidez das obras que realizou. Havia em Belo Horizonte uma barragem” para criar estação de fornecimento de água...  “Juscelino olhou para o empreendimento sob nova perspectiva e vislumbrou o potencial turístico e de lazer que o projeto poderia conter. Convocou o arquiteto Oscar Niemeyer e começou a aventura que marcaria não só sua passagem pela prefeitura de Belo Horizonte como, mais tarde, a construção de Brasília. A novidade chamava-se Pampulha.”

Fonte: FGV – Lúcia Lippi Oliveira

O Furacão – JK – Segunda parte – Governador – 1950

“Eleito em 1950, no ano seguinte assumiu o governo do estado. O binômio “energia e transporte” resumia suas preocupações e seus projetos. JK convidou novamente Oscar Niemeyer a colaborar em projetos variados: o Colégio Estadual de Minas Gerais (1954), a Biblioteca Pública (só terminada mais tarde), o Edifício Niemeyer (1955), o Banco Mineiro da Produção, hoje Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), a Escola Técnica da Gameleira.

A arquitetura moderna introduzida em Belo Horizonte com o conjunto da Pampulha continua presente na cidade em diferentes projetos públicos e residenciais, como no Aeroporto da Pampulha, inaugurado em 1954.

Fonte: FGV – Lúcia Lippi Oliveira

O Furacão – JK – Segunda parte – Presidente – 1955

O Conjunto JK, um dos prédios mais significativos da utopia moderna em Belo Horizonte, com dois blocos, um de 23 andares e o outro de 36, com entre 40 e 70 unidades de moradia por andar, só ficou pronto, entretanto, nos anos 70.”

Fonte: FGV – Lúcia Lippi Oliveira

 Minha narrativa

O Banco Mineiro da Produção, citado acima, com 24 andares incentivou a construção do conjunto predial da praça: os Edifícios Clemente Faria, Helena Passig, Joaquim de Paula na mesma altura, formando as esquinas da Praça Sete, que por sua vez deflagraram construções de dezenas de edifícios comerciais e residenciais consolidando uma tendência de verticalização e consequente metropolinização da Capital foram e são fundamentais para vida da cidade até os dias de hoje.

Este arrojo arquitetônico ainda teve relances durante as próximas décadas, mas, já percebia-se um viés de horizontalização, enquanto São Paulo duplicava sua produção de arranha céus aqui assistiamos ao provincianismo…

Na contramão da compreensão que a verticalização e a concentração populacional são benéficas para a natureza, onde as estruturas de água e esgoto, urbanização e paisagismo, infraestrutura e acesso a serviços públicos  são utilizadas por um maior número de cidadãos, que contribuem para sua manutenção, melhoria constante e por sua vez, maior quantidade de serviços oferecidos por m², aqui assistimos, principalmente depois da implantação da visão da esquerda, o espraiamento da cidade, desordenadamente, e com o advento da urbanização das favelas como solução de atendimento dos que ali se instalaram em caráter de flagrante atentado às leis municipais aí consolidamos o caos que hoje BH vive.

Minhas conclusões (Romero Bittar)

Hoje diante do novo plano diretor que confisca coeficiente de aproveitamento, o grande problema não é o custo do coeficiente adicional, o que eu considero o grande gargalo é a demora da aprovação dos projetos.

Se o custo do empreendimento fosse caro, mas, ágil e claro em suas diretrizes, este custo seria rapidamente absorvido pelo mercado.

A limitação de construir é muito pior do que o custo para tal.

Este assunto merece muitos debates, mas a partir da constatação que em 1950 nossa cidade preconizava-se cosmopolita e hoje é roça pouco, ou melhor, mal iluminada, está o cerne da questão.

O politicamente correto faz muito mal ao nosso país e em BH, capital de Minas Gerais, estado síntese da nossa nação, isto se apresenta com uma face pavorosa.

Fica a pergunta: Metrópole ou Provincia?

O cidadão com a palavra.

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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