Sábado a noite no tradicional Bairro de Lourdes e os efeitos da "Lei Seca" já pode ser percebido nos restaurantes tradicionais destinados ao publico de meia idade. Quase todos vazios. A falta de proporcionalidade desta Lei vai causar efeitos devastadores no setor de entretenimento e gastronomia da Capital. É apenas uma questão de tempo para começar as demissões e a quebradeira. Ninguém é contra a Lei para pegar os que cometem excessos.
O problema é que ela pega também pessoas que não estão cometendo excessos, colocando o Cidadão comum no mesmo balaio dos assassinos do transito que continuam agindo impunemente. Uma taça de vinho é o suficiente para uma pessoa normal e cumpridora dos seus deveres se transforme em um fora da Lei. Contrariando o principio da razoabilidade e jogando no lixo a proporcionalidade do Código Penal que prevê penas condizentes com o ato. As pessoas são diferentes e o efeito de bebidas no organismo depende de uma série de fatores, como por exemplo, massa corporal, hidratação e em especial do costume de cada um. Três doses de whisky, ou três taças de vinho no meu organismo não comprometem os meus reflexos e eu posso dirigir sem colocar a vida de ninguém em risco (AFIRMO E PROVO ISSO). Esta mesma quantidade em outra pessoa pode trazer efeitos diferentes. O fato é que cada um reage de maneiras diferentes a bebidas diferentes.
O que é possível perceber de forma muito clara é que ninguém quer passar pelo constrangimento de uma blitz e isso já está provocando mudanças de hábitos negativos. Os freqüentadores da noite não querem correr o risco de um dissabor no caminho de volta para casa e estão optando por não sair, deixando a noite da CAPITAL NACIONAL DOS BARES E DA GASTRONOMIA mais triste e vazia. Os botecos destinados a garotada ainda não sentiram os efeitos, pois esses pegam taxi, saem de carona ou mesmo se dividem na tarefa de abstinência com um dos amigos. Porém isso não se aplica a casais de meia idade, por exemplo, que saem para namorar e tomar um vinho durante um jantar. Há os que não gostam de pegar taxi e preferem o próprio carro. Para não contrariar as regras, acabam trocando os restaurantes por programas caseiros.
Esse exagero poderia ser evitado se ao invés do "teste do bafômetro", fosse aplicado antes o teste dos reflexos, que é capaz de detectar, com precisão, se um individuo está com as suas funções cognitivas e os reflexos preservados. Contudo, vale o capricho de políticos cujo o oportunismo está mais do que evidente. Eles querem apenas mostrar serviço, esquecendo que as pessoas são livres e responsáveis pelos seus atos, nesta ou em qualquer ação, inclusive no ato de votar. Registra-se ainda que parcela da imprensa segue sem refletir contribuindo para fazer esses "senhores da lei", acharem que estão realizando um bem para a sociedade, quando na verdade prestam um desserviço para Belo Horizonte, que tem na gastronomia e nos bares, uma marca que é apelo turístico. Está faltando bom senso e sobretudo reação da sociedade que encontra-se em estado de letargia, aceitando esses e outros disparates em silencio…
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Transito
ONG SOS Mobilidade Urbana
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