O modelo eleitoral Brasileiro permite a prefeitos em exercício de seus mandatos disputarem eleições. Isso significa que muitas cidades ficarão sem os seus governantes por 4 meses. Em Belo Horizonte existe um agravante, o vice que nunca escondeu seu descontentamento pelo alcaide, por razões justas e até legitimas, é o coordenador de campanha do único candidato que tem alguma chance de levar as eleições para o segundo turno, evitando um "WO" que era dado como certo pelos analistas políticos mais experientes.
Portanto, o que já era ruim, pode ficar ainda pior, pois a energia e o foco das equipes do prefeito passará ser a campanha. Nada errado se considerarmos que a justiça eleitoral autoriza os prefeitos a fazer campanha depois do horário. Mas nem tudo que é certo é moral e pode ser fiscalizado como devia. Nenhum cidadão minimamente esclarecido é ingênuo a ponto de imaginar que o prefeito vai respeitar horários, até por que, prefeitos são dispensados de rotinas e horários fixos. Ao contrario, são prefeitos 24 horas por dia e 365 dias por ano. Sobretudo em cidades como BH, onde onde os problemas exigem presença do prefeito e seus assessores mais próximos, diuturnamente.
Com efeito, o salário do prefeito, do seu vice, de todo o staff de ambos "trabalharão" para garantir mais 4 anos de mando e salários. Os defensores do deixa disso e do politicamente correto poderão dizer que o atual prefeito abriu mão do salário e por isso pode fazer campanha a qualquer hora. Contudo vale lembrar que ele abriu mão por que quis e na verdade usa os proventos para melhorar as condições de trabalho de assessores próximos, cujo salários, regra geral, são pouco atrativos. (declarações do próprio prefeito quando assumiu em 1º de janeiro de 2009)
Portanto, a justificativa da ausência do alcaide no seu posto de comando da Capital apesar de legal, não é tão tranquila quanto parece, sobretudo em se tratando de um momento em que a cidade prepara-se para eventos internacionais e importantes.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
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