O candidato a Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) foi fuzilado pela bancada de entrevistadores do programa Roda Viva da TV Cultura nesta noite de segunda feira (30 julho), mas conseguiu sair vivo e ao que tudo indica, fortalecido. Ouviu-se de tudo, menos jornalismo e preocupação com os problemamas do pais, que não são poucos.
O tribunal de inquisidores beligerantes foi composto por Thais Oyama, a menos radical, redatora-chefe da revista Veja. Sérgio Dávila, editor-executivo do jornal Folha de São Paulo; Leonêncio Nossa, o mais alterado, repórter especial do jornal O Estado de São Paulo; Maria Cristina Fernandes, também inquisidora mór, colunista do jornal Valor Economico; e Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo.
Impressionante como a emoção roubou a cena deixando visível que todos eram contra Bolsonaro. A atitude dos entrevistadores desqualificou o profissionalismo e qualificou os militantes ativistas de esquerda, deixando claro que parte da imprensa tem sim partido político e militam a favor dele no exercício da profissão, embora o telespectador queira ver mais propostas e menos acusações inúteis.
Tentaram de todas as formas acusar o candidato de torturador, como se ele tivesse vivido no período do regime militar e fosse o responsável pelos acontecimentos negativos que não agradaram a ninguém, mas que ficaram no passado. Bolsonaro não foi entrevistado, aconteceu ali uma inquisição que deixaria o inquisidor-Geral Thomaz de Torquemada com inveja.
A meu juízo, ainda que Bolsonaro não seja o meu candidato no momento, (sou mais simpático a Álvaro Dias), ele se saiu muito bem. Resta saber se a mesma medida radical e desequilibrada será usada também para entrevistar os candidatos da esquerda que serão sabatinados nos próximos programas.
O jornalista representante do Estadão, Leonencio Nossa faltou espumar a boca, tamanho o ódio estampado na face. Maria Cristina Fernandes, do jornal Valor Economico e colunista da Radio CBN, queria mesmo era cuspir na cara de Bolsonaro, pois estava descontrolada. Foram todos hostis e deselegantes, revelando despreparo e ativismo político.
É importante dizer que a população brasileira não demonstra tanto interesse pela história de Wladimir Herzog ou de outros presos do regime militar. Aliás nem deve saber quem é este jornalista morto nos porões da ditadura. Isso de fato é passado e o país tem coisas muito mais sérias e atuais que deveriam ter sido objeto de questionamento.
Em que pese o direito de familiares saberem da história e receberem indenizações por perdas irreparáveis durante o regime militar, o que é legítimo e justo, a população tem outras prioridades tão ou mais sérias.
O País vive a maior crise institucional da sua história. 16 milhões de pessoas estão sem emprego; a corrupção tornou-se endêmica; as favelas se multiplicam sem controle e com elas o crime organizado; a economia está em frangalhos, com baixa competitividade; a estagnação tomou conta do ambiente industrial; as cidades estão paradas por conta da imobilidade urbana provocada por um apagão na infra estrutura, enfim, perguntas que foram esquecidas pelos inquisitores e que seriam mais oportunas, demonstrando respeito por quem acompanhava o programa.
O que poderia ter sido uma oportunidade para ouvir propostas e conhecer o candidato, virou um festival de ofensas e vaidades por parte dos jornalistas, um certo sentimento de vingança e de acusações descabidas, sem acrescentar nada para quem esperava ouvir propostas de governo. Falharam feio e deveriam ser advertidos pela inabilidade.
José Aparecido Ribeiro
Jornalista
Blogueiro no portal uai.com.br
Blogueiro no portal os ovosinconfidentes.com.br
Colunista nas Revistas: Exclusive, Minas em Cena e Mercado Comum
DRT MG 17.076
31-99953-7945
jaribeirobh@gmail.com