A Capa do Hoje em Dia de 29/08 trás os seguintes dizeres:"Solução definitiva para a mobilidade em BH exige R$5,3 bilhões". Quem informou o valor esqueceu de um pequeno detalhe: R$5,3 Bilhões, se bem utilizados, resolveria parte do problema do transporte coletivo, mas nem de perto o problema da mobilidade da cidade como um todo.
Mobilidade não se reduz a transporte coletivo, isso por que com ele ou sem ele, o carro não sai de cena por uma dúzia se fatores que não cabem aqui agora. O passivo de obra que a cidade possui com mais de 30 anos de atraso, é gigante, exigindo o triplo desta verba para ser atualizado. Estamos falando de trincheiras, túneis, viadutos, passarelas, elevados e obras capazes de eliminar gargalos e não criá-los, como estamos assistindo atônitos na política da BHTrans de querer tirar carros das ruas por decreto.
A cidade esta parando nos horários de pico e a empresa gestora do transito age para piorar o que já esta ruim. Mobilidade significa deslocamento com fluidez, de carro, a pé ou no precário transporte coletivo disponibilizado. Equivoca se quem acha que basta melhorar o coletivo para que as pessoas passem a deixar carro na garagem. Tem gente que vê no carro muito mais do que um transporte, enxerga nele uma paixão, um estilo de vida ou simplesmente a liberdade de ir e vir. Direito que o trabalhador adquire quando emancipa-se economicamente ou melhora de vida.
Portanto, não será com 5 e nem 10 bilhões que a cidade terá fluidez, mas com a eliminação de mais de 150 gargalos que ela tem e que não deixa o transito fluir. Repare que hoje são 1,6 milhões de veículos. Em cinco anos, passarão de 2 milhões de automóveis nas ruas, querendo ou não nossos "brilhantes" gestores públicos. Portanto, o que está ruim, tende a piorar muito se nada for feito para eliminar o passivo de obras da cidade.
A título de contribuição, com o dinheiro de 4,5 km de metro, que é comprovadamente economicamente inviável, a PBH construiria mais de 20 km de monotrilho atendendo 4 vezes mais pessoas, com 4 vezes menos recursos e 6 vezes mais rápido. Ou seja, a sensação é que o interesses são outros, que não o da população que paga impostos… Só não vê quem não quer.
José Aparecido Ribeiro
Presidente do Conselho de Política Urbana da ACMINAS
Consultor em Mobilidade
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