As cias. aéreas brasileiras andam afastadas da realidade. A cada viagem, novas surpresas: primeiro retiraram o serviço de bordo gratuito e implantaram a venda. Paga também quem deseja sentar-se nas saídas de emergência. Recentemente passaram a cobrar por malas despachadas. Lembro que antes o máximo de peso permitido para as bagagens de mão era de 5 kg. A alegação dizia que uma mala com peso maior caindo na cabeça de um passageiro em uma eventual turbulência poderia causar ferimentos aos passageiros.
Que se dane o passageiro, hoje passou para 10kg e o restante da bagagem deve ser despachada ao custo de 60 reais a mala. Imagine uma turbulência capaz de abrir os bagageiros lotados e com malas pesando mais de 10kg, já que a maioria delas não são pesadas? Daqui uns dias as cias. aéreas irão cobrar pelo encosto de cabeça e o ar que respiramos a bordo. A sanha de executivos desconectados da realidade é algo que precisa ser estudado por economistas, filósofos e psicólogos.
O editorial da última revista de bordo da TAM é patético. O CEO da empresa dedicou tempo e “fosfato” para comunicar que passou 16 dias estudando cardápios latinos americanos para os voos com mais de 5 horas de duração, mas cobra pela água que é servida a bordo entre BH e SP. No mesmo avião, um A-319 o espaço entre as cadeiras vem diminuindo milímetros a centímetros em cada viagem, tornando as horas dentro do avião mais longas e desconfortáveis.
O próximo será o mictório, ou você segura o xixi, ou paga para usar o banheiro. O uso dentro das aeronaves não está incluído na taxa de embarque, só dentro do aeroporto… Passageiros de estatura superior a 1,80M não conseguem viajar com o mínimo de conforto de pernas fechadas. Sofre quem tem mais de 1,80M e incomoda quem está ao lado, já que as pernas precisam ir abertas durante todo o voo.
A justificativa das mentes “brilhantes” e vaidosas que comandam as cias aéreas brasileiras, e que só pensam em resultado financeiro a curto prazo é de que nos EUA, Europa e Ásia, a prática é normal. Ou seja, sabem copiar o que é ruim e esquecem que estão prestando serviço em um país de dimensões continentais, sem estradas e povo pobre. Visão imediatista, rasa e oportunista de executivos que só pensam “naquilo”… Afinal são apenas 4 opções que o brasileiro tem. Que se dane o povo para se adaptar.
Fico imaginando o Comandante Rolim, fundador da TAM, revirando no túmulo vendo o que estão fazendo com a companhia que ele fundou com tanto zelo. Ele que cuidava pessoalmente da satisfação dos clientes. Hoje a TAM é comandada por chilenos instrumentalistas, possivelmente encastelados em Santiago, alheios à nossa realidade.
Pesquisas mostram que os preços oscilam, mas não caem, ao contrário seguem aumentando e deixando parcela significativa da população sem acesso ao avião. Lembro ainda que em alguns Estados do Norte do Brasil avião não é capricho e nem luxo, é meio de transporte, significa gênero de primeira necessidade, pois não há outra forma de conexão com o restante do país. Para encerrar eu pergunto: até quando a ANAC seguirá fazendo vista grossa para os abusos das cias. aéreas?
José Aparecido Ribeiro
Jornalista e blogueiro no portal uai.com.br
Colunista nas revistas: Exclusive, Minas em Cena e Mercado Comum
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