Defender ciclovias é uma tendência no mundo todo, e virou moda. Analisando fatos é possível concluir, no entanto, que essa máxima não vale para Belo Horizonte, onde a topografia é acidentada e o clima é quente durante quase todas as estações do ano. Mas por que em BH existem tantas ciclovias vazias, ligando nada a lugar algum?
Mineiro tem o hábito de achar que bom para a capital é o que ele viu lá fora, importa a ideia por que ela é bacana ou politicamente correta, ainda que não seja aplicável à nossa realidade. Gostaria de estar errado, mas a realidade me diz o contrario. Ninguém é contra ciclovias onde elas são possíveis e factíveis. O que não é o caso da maioria dos trajetos implantados em BH, e que não vingaram.
As primeiras ciclovias foram implantadas com entusiasmo pelo prefeito Marcio Lacerda em 2010. Talvez tenha sido a única vez na vida que ele montou em uma bicicleta. “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Já o prefeito Kalil não deve saber nem onde fica a ciclovia da Rua Fernandes Tourinho, a mais emblemática de BH. Ele anda de carro grande e com 10 seguranças em volta, a comitiva tem 3 carros modelo Fusion, ocupando espaço sem economia.
Sou ciclista, pedestre, motorista, mas antes sou cidadão e ando pela cidade a pé, de ônibus no precário transporte coletivo que a cidade oferece, e de carro. Faço isso com olhar atento, o que parece não ocorrer com os nossos políticos e alguns ativistas das bikes que insistem em brigar com carros como se ele fossem os vilões da mobilidade. Não é o carro o vilão, mas a incompetência de quem nos governa e um passivo de 40 anos sem obras estruturais.
Aos mais radicais, sugiro que deixem seus consultórios em horário comercial para constatarem que nossas ciclovias fracassaram, servem apenas para complicar ainda mais o já caótico trânsito. Isso por que brasileiro, antes de gostar de bikes, e de discursos moderninhos de sociólogos e agentes públicos que vivem longe da realidade, xiitas encastelados fazendo discurso politicamente corretos, é apaixonado por carro.
Adoro minha bike e costumo levá-la para a cidade de Campinas, quando vou visitar amigos. Lá, as bikes tem lugar cativo, mas nos finais de semana, em vias devidamente sinalizadas. Lá, ao contrario daqui, elas servem para lazer em horário e locais próprios, sem competir e medir força com veículos em uma guerra insana, desnecessária e que revela o quanto precisamos amadurecer na capital mineira quando o assunto é mobilidade urbana.
José Aparecido Ribeiro
Jornalista
Blogueiro nos portais uai.com.br – os novosinconfidentes.com.br
Articulista nas revistas Minas em Cena. Mercado Comum e Exclusive
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