Para levar em frente a ideia de criar novas ciclovias, a qualquer custo, visando cumprir metas que não são revistas (PLANMOB), mesmo estando mais do que comprovado que a população é contra, a BH Trans vem estreitando vias importantes da Capital e dificultando ainda mais o já intrincado transito que não flui. Vejam os exemplos das Avenidas Olegário Maciel, Rua São Paulo, Rua Fernandes Tourinho, Rua Professor Morais, Av. Fleming e outras. Em todas, não se vê ciclistas. Elas estão entupidas de carros e motoristas cada vez mais estressados e sem perspectivas.
Se não bastasse o caos que salta aos olhos com a ausência total de agentes para controlar o trânsito a deriva de sinais sem sincronia, agora as faixas de circulação, ou "pace", como são conhecidas as sinalizações horizontais que separam uma pista da outra, também são alvo da desorientação da empresa gestora do transito. Contraditoriamente, quanto mais represado o trânsito, nos funis, mais a indústria automobilística fabrica carros com chassis largos, os conhecidos e cobiçados SWV. Carros não andam sozinhos, e por trás de cada veículo de uma frota que ultrapassa 1,7 milhões de veículos, tem um cidadão que fez uma escolha e que precisa ser respeitado, independente das tendências mundiais e do passivo de obras da cidade que ultrapassa 30 anos.
Esses modelos utilitários estão cada vez maiores, mais largos e são o sonho de consumo da maioria dos motoristas brasileiros apaixonados por carros. A teimosia da BH Trans não tem limites, basta ver que a maioria dos veículos estacionados nas laterais das vias, ficam com um dos lados para fora do espaço destinado ao estacionamento. Isso compromete o fluxo, já que os carros que circulam nas faixas laterais precisam diminuir a velocidade para não bater nos retrovisores daqueles estacionados. Com efeito, a BH Trans precisa compreender que não se muda cultura enfiando modelos importados goela abaixo da população.
O que é tendência e exemplo de sucesso em cidades Europeias, nem sempre serve para Belo Horizonte. O modelo a ser seguido aqui não é o Europeu, mas o Norte Americano. È preciso ter um pouco de humildade e reconhecer que as ciclovias não deram certo na maioria dos locais onde foram implantadas, por razões óbvias: A topografia e o clima da Capital não favorecem a utilização de bicicletas e as vias da cidade são estreitas, diferentemente de Bogotá, onde ciclovias não dividem espaço com o trânsito caótico. Vale lembrar que a cada nova ciclovias implantada, além de atrapalhar o trânsito, estreitando ruas e avenidas, o dinheiro publico, que poderia ser útil em obras viárias definitivas, está indo para o ralo.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos.
Presidente do CEPU ACMinas
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