Um acidente na madrugada desta terça feira dia 24/01 com um caminhão carregado de bois provocou um engarrafamento gigante que paralisou uma das maiores rodovias do país, a BR 381/sul. Teria sido apenas mais um dos muitos acidentes costumeiros neste trecho urbano da BR-381, (KM 487) não fosse o fato de a carga ser viva e ter espalhado pelo asfalto, fechando a rodovia por mais de 13 horas, com reflexos em Betim, Contagem, BH e cidades próximas. Foram 3 bois mortos, e cerca de 10 feridos. A morte antecipada dos bois serviu para revelar o nível de improviso das autoridades que cuidam das rodovias que atravessam a RMBH.
A ação de resgate dos bois vivos que corriam prá lá e prá cá, antes do sacrifício, em algum matadouro nas cercanias, possivelmente no mesmo dia para alimentar centenas de pessoas, mostra mais uma vez, a falta de articulação entre as autoridades de transito e a concessionária responsável pela gestão da rodovia. Batendo cabeça e impedindo o direito de ir e vir de centenas de milhares de pessoas foi um festival de amadorismo e um teste de paciência para os que ficaram presos no transito parado por horas.
O certo seria concessionária, PRF, Prefeitura de Betim, DNIT, PMMG, Corpo de Bombeiro e todos os órgãos de defesa envolvidos, trabalharem sincronizados, sob o comando de um GABINETE DE CRISES DA RMBH. Acidentes como esses acontecem diariamente e não deveriam ser motivo para tanta improvisação. Para a sorte de quem passava no local e ficou preso, ou correndo dos animais que se soltaram da carroceria estendida no asfalto, o bichos eram bois e não leões ou cachorros rottweilers.
Fato é que ficou comprovado mais uma vez que os riscos de acidentes com cargas perigosas existem diariamente e que nossas autoridades não estão preparadas para lidar com situações semelhantes. Não é a primeira e não será a ultima vez que um COMITÊ DE CRISES DA RMBH, treinado para lidar com eventos que exigem resposta rápida, fez falta. O amadorismo foi explicito, faltou coordenação e até autoridade da PM, Guarda Municipal, e PRF para impedir saques ao que restou da carga morta no acidente.
Em países civilizados, há manuais e procedimentos que permitem aos agentes públicos e privados agirem com rapidez e eficiência em acidentes semelhantes. Embora a rodovia tenha sido privatizada, cabendo ao concessionário tomar medidas para desobstrução da via, com segurança de usuários e dos acidentados, o governo deveria ter agido por meio dos seus representantes e órgãos de defesa. Mas nada disso aconteceu.
Tomara que o exemplo e as 13 horas de fechamento que certamente geraram prejuízos incalculáveis para milhares de pessoas tenha servido para alguma coisa. Dizem que filho feio não tem pai. Quem será, neste caso o filho feio que expôs a fragilidade do estado de e dos agentes responsáveis pela segurança das rodovias que atravessam a RMBH? A quem devemos imputar e cobrar os prejuízos causados por mais esse vexame?
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Presidente da ONG SOS Rodovias Federais
31-99953-7945 – CRA MG 0094/D