O Prefeito de BH vem a público dizer que o problema do transito não tem solução a curto prazo e que a população precisa ter paciência. Esta é uma demonstração inequívoca de que o político não conhece a cidade que governa e a enxerga através do olhar de assessores. Evidente que existem meios de minimizar o caos com pequenas obras e intervenções humanas. Mas para isso a BH Trans e a Sudecap precisam deixar de fazer o básico e agir com pró-atividade, planejamento, mais inteligência e menos truculência. O povo está cansados do discurso vazio, moderninho e "europeu" de que a cidade é para as pessoas. De fato ela é sim, para as que andam a pé; para as 1,8 milhões que se espremem dentro de ônibus insalubres, cujo a velocidade no centro é de 6 km/h; e ela é também daqueles que estão enfartando dentro dos 1,4 milhões de carros presos em engarrafamentos cada vez maiores e que poderiam ser evitados se houvesse gestão correta do trânsito. Ouvir desculpas esfarrapadas de gestores públicos e urbanistas que estudaram na Europa, já não nos apetece mais. O modelo de mobilidade brasileiro é diferente do europeu onde as cidades possuem metro desde antes da existência do carro. Londres por exemplo tem mais de 800 km de metrô, Paris 650 e as alternativas de transportes lá são muitas, melhores e eficazes. Inclusive várias delas nós nem conhecemos. Aqui, por hora, quem pode, está fazendo de tudo para cair fora de ônibus e metros lotados e ultrapassados. A cidade precisa de um choque de gestão no transito e obras em mais de 150 pontos. Não existe outro meio de fazer o transito fluir se não eliminando sinais e cruzamentos desnecessários que servem apenas para alimentar o ego de urbanistas que adoram projetos bonitos no papel, mas ineficientes na pratica. O transito de BH continua a deriva dos sinais e eles não dão conta do volume de carros. Enquanto as obras não ocorrerem, a BH Trans precisa assumir o controle do trafego nos gargalos, trocando as desculpas por atitudes pró ativas. E para isso ela precisa de pelo menos 1.500 homens bem treinados e presentes diuturnamente onde o trafego trava nos horários de pico.
Se não bastasse a concentração do transporte em carrocerias de ônibus e parcela insignificante no metrô, a frota de taxi, ao contrário do que dizem, é de baixa qualidade, o que obriga até mesmo os mais conscientes, a tirar o carro da garagem. A verdade é que os responsáveis estão cada vez mais distante do problema, parece ter lavado as mãos e está fazendo o básico, quando faz. Postergar as obras que resolverão o problema é punir o povo e piorar a sua qualidade de vida. Com efeito, das 150 obras necessárias e urgentes, pelo menos 30 delas não podem mais ser remediadas, sob pena do colapso tornar o ato de deslocar, inviável na maior parte do tempo.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Transito
CRA MG – 0094/94
31-9953-7945