Dezembro mal começou e o que estava ruim, vai piorar. O transito que era mais complicado nos horários de pico, agora não tem hora para travar e isso vale para os finais de semana quando a desordem fica ainda maior, inclusive nos horários noturnos, quando parte da população vai as compras de natal. Deslocar por qualquer parte da cidade é um exercício de paciência, estresse e um festival de absurdos que saltam aos olhos. Quem tem compromissos precisa sair pelo menos com 2 horas de antecedência. As ruas da Capital estão saturadas, mas a BH Trans segue tentando dificultar a vida de quem optou pelo transporte individual, com medidas que beira a insanidade.
Explico: a gestora do trânsito implantou recentemente projeto para estreitar pistas e alargar calçadas (inutilmente). O resultado não poderia ser diferente: caos total no trânsito. Se não bastasse, a empresa que deveria administrar o tráfego mantém seu efetivo apenas observando o trânsito, sem interferir nele. Até agora não apresentou um plano de emergência e segue apostando que BRT tem apelos para tirar carros das ruas, o que é um equivoco inaceitável e grave. A cidade está a deriva de sinais sem sincronia em cada esquina. Vias completamente saturadas onde é permitido estacionar nos dois lados sobrando pouco espaço para o tráfego cada vez mais pesado nos grandes corredores.
Reina a desordem absoluta e nenhum agente público ou político vem a público dizer quais são os planos para enfrentar o problema. Ouve-se sempre a mesma ladainha: BRT e ciclovias são as apostas para revolucionar a mobilidade urbana. Ambas, a propósito, já caíram por terra, por razões óbvias. Nenhuma delas obteve a adesão da população que, teoricamente, trocaria o privado pelo público. Isso por que o clima e a temperatura da cidade não são favoráveis. Outra tese que vem sendo diuturnamente contestada por quem usa a lógica como método de avaliação da realidade é a de que obras não resolvem o problema e servem apenas para empurrar os congestionamentos de um local para o outro. (Tese de urbanistas e engenheiros que viajam para cidades Europeias e querem importar modelos sem considerar o clima, a topografia e a cultura local).
Evidente que tais obras terão ser feitas mais cedo ou mais tarde, sobretudo se considerarmos as projeções da frota de veículos da cidade que é de 1,6 milhões hoje, e que em 20 anos será de mais de 4 milhões de veículos, com ou sem transporte de boa qualidade. Ninguém garante que o excesso de carros nas ruas é apenas falta de alternativas de transporte de qualidade. Esquecem que o brasileiro é apaixonado por carro. Os gargalos (funis) onde o transito trava, irradiando engarrafamentos pelos 4 cantos da cidade precisam de tratamento urgente. São mais de 150 pontos que esperam por intervenções e que não aceitam mais puxadinhos. Tuneis, trincheiras, elevados, viadutos, passarelas e alargamento de vias, onde passeios servem apenas para enfeite, terão que ser feitos imediatamente. Não enxergar isso é falta grave, que deve ser cobrada nas urnas.
O PLANMOB, Plano de Mobilidade da PBH de 2008, que foi inspirado no modelo de Bogotá, Capital da Colômbia não serve para a Capital de MG, mas a BH Trans insiste em seguir com ele, cometendo erros que custarão caro para o contribuinte. Lá a temperatura média da cidade é de 17 graus e a topografia plana, as ruas são largas e permitem instalação de vias confinadas para ônibus e ciclovias. Ao contrario de BH, que possui topografia acidentada, clima quente e vias saturadas com largura insuficiente para receber BRT. O Monotrilho seria a alternativa, mas em uma escala de prioridade, onde o modal metrô aparece em primeiro lugar, o monotrilho, cuja estrutura é construída verticalmente e nos canteiros centrais de avenidas, aparece em quarto lugar. Ou seja, as ações são diametrais ao que a cidade precisa para minimizar o caos no trânsito e o que se ouve é o silencio…
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Presidente do Conselho de Política Urbana da ACMinas
CRA MG 08.00094/D
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