O povo do Amapá tem sido vítima de duopólio explicito das duas companhias aéreas que possuem concessão para operar rotas aéreas naquele Estado, para o restante do Brasil. Chama atenção além do fato em si, o silêncio das autoridades que não se manifestam em relação aos preços abusivos cobrados pelas passagens aéreas partindo ou chegando em Macapá. Sem ter alternativas que lhes permitam sair do Estado, que tem de um lado o Rio Amazonas, e do outro a impenetrável floresta Amazônica, quem precisa usar avião para sair do Amapá, especialmente para Belém, que é a cidade que atende as maiores demandas do povo Amapaense, é obrigado a pagar preços abusivos e não tem direito a reclamações.
Sair de Macapá por estrada não é possível, e de barco o tempo de deslocamento até Belém é de 24 horas. Com efeito, as duas únicas companhias que operam a rota, GOL e TAM, cobram tarifas que não combinam com as condições de vida do povo e não fazem a menor questão de esconder a publicação de suas tarifas, que são iguais até nos centavos. Para o rico, pouco importa 100 reais a mais ou a menos. No entanto, para os pobres, que são a maioria, os centavos fazem diferença nas horas de emergência, quando estes precisam deixar o Estado em busca de socorro ou mesmo para suas compras ou lazer. A maior demanda de passageiros é no trecho Macapá/Belém e as tarifas cobradas por 40 minutos de voo variam entre 250 a 1.000 reais, o que na maioria das vezes sai mais caro do que trechos como Macapá/Brasília ou mesmo Macapá/São Paulo ou Rio, que estão a 4H de viagem.
Ninguém entende as regras tarifárias e não há regulamentação capaz de barrar a sanha pelo lucro destas duas Cias que operam sozinhas e cobram o que querem. A mesma distancia entre Belo Horizonte e o Rio de Janeiro (40 minutos de voo) custa em média 80 reais. A falta de concorrência e o descaso das autoridades, que via de regra não pagam passagens e nem sabem seus valores, já que nós fazemos isso para eles, está impondo ao povo sofrido do Amapá um fardo maior do que ele suporta. Sem contar que ainda existe muita dependência entre a cidade de Macapá e Capital do Pará, sobretudo no que diz respeito a saúde e o comercio. O argumento de que o mercado é livre e regulado pela concorrência é conversa fiada e não serve para justificar tamanho absurdo.
Se o povo do Amapá não tem estradas que lhes permitam ir de carro, ônibus ou até mesmo de carroça até um local onde ele possa se conectar com o restante do País por rodovias, avião é item estratégico que não pode ficar sujeito às leis de um mercado dominado pela lógica do lucro. Em especial por duas Cias. que fazem o que querem. O governo não pode lavar as mãos e fingir não ver o povo ser espoliado. Deveria urgentemente intervir, pelo menos até que exista de fato e de direito concorrência de verdade. Pois até o momento, o que se vê é um duopólio explicito que não esconde nem os centavos cobrados pelas passagens das duas Cias que navegam em um céu de brigadeiro, pensando apenas no lucro.
José Aparecido Ribeiro
Administrador
Consultor em Assuntos Urbanos
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Macapá – AP