Fundamentalistas da i-mobilidade urbana.

Imagine uma cidade sem carros, com seus habitantes deslocando a pé, de bike ou de BRT. Imagine agora esta cidade com passeios largos, ruas estreitas, espaços  vazios, enfeitados e inúteis.

Imagine então que exista apenas uma única categoria de cidadãos, os que concordam em ser pedestres, ciclistas ou passageiros de ônibus. Nela todas a outras categorias que não pensam igual, perdem o direito à cidadania.

Essa cidade existe, na cabeça dos técnicos da BHTrans e dos fundamentalistas da i-mobilidade urbana que  acreditam ser possível implantar esse modelo em BH. Não são poucos, eles compõem a tropa de elite do “ISIS/MOB”, a exemplo do Estado Islâmico. Eles no ar-condicionado, e nós aqui, presos no trânsito.

Considerados os soldados de uma causa que não leva em conta a realidade como ela é, mas como eles querem que ela seja. Aceitam a opinião do outro, desde que seja igual a deles. Quem não “reza na cartilha”, é infiel, deve sofrer no “fogo do inferno” do trânsito que não anda, todos os dias, nos mesmos lugares.

Não aderir a bicicleta como meio de transporte ou BTR/Move é inadmissivel, despresivel. Para os xiitas das “cidades sustentáveis e da smarty city”, só existe uma religão, a deles. Carro, só os automatos, mesmo que seja daqui há 50 anos, e em um país que não consegue oferecer transporte coletivo decente.

Para “eles” os mártires, tudo. Para nós, os infiéis, medidas restritivas, afunilamento de vias, instalação de sinais, alargamento de passeios, e até bus way. Bonito é empurrar carros para as laterais, mesmo onde as vias estejam saturadas. O comércio? Que se dane. Veja os exemplos da Pedro II, Paraná, Santos Dumont e Amazonas…

Na cidade do “ISIS/MOB” vale a tese de que obras transferem engarrafamentos de um sinal para o outro e não devem ser feitas. Estufam o peito para dizer que a cidade é para as pessoas. Só as que estão a pé, de BRT ou de bike. Se o túnel da Lagoinha nao existisse, não seria jamais construído pelos “soldados exemplares do ISIS/MOB”.

Carro é coisa do demônio e precisa ser combatido, exorcizado por todos os fiéis custe o que custar. A palavra fluidez é blasfêmia. Onda verde é coisa de capitalista. Moderno é ir parando em todos os sinais, mesmo quando não tem engarrafamentos. Tá com pressa? o problema é seu, devia ter ido de bike.

Estacionamentos verticais e horizontais são casas do capeta e devem ser combatitos com a “fumaça santa” do BRT/Move. Em nome da causa vale tudo, só não vale asfalto em boa condição de uso, trincheiras, túneis , viadutos, corredores capazes de atravessar a cidade, ruas sem murundus. Isso são coisas de Yankees defensores da indústria automobilistica, rodoviaristas insanos e atrasados.

Quem não anda na linha, a 60 km/hs, inclusive onde não ha transito de pedestres, em grandes corrrdores, perde os 22 pontos na carteira e vira “infiel”. Se vc já foi obrigado a fazer reciclagem é pecador. No “Alcorão” dos filhos da modernidade, quem respeita a lei não precisa de reciclagem e nem ficar preocupado com a indústria da multa.

Quem quiser ver obras e fluidez, que mude para Los Angeles, Detroit, Miami ou Houston. Aqui, o moderno é andar de bike, BRT e chinelinho de dedo. E isso explica por que a cidade caminha para o caos. Quer ver isso na prática? chegue na janela e olhe atentamente para a BH do Kalil, aquele que prometeu abrir a “caixa preta” da BHTrans.

José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
Autor do Blog SOS MOBILIDADE URBANA
CRA MG 08.0094/D
31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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