Álvaro Fraga falou com propriedade na análise da notícia do caderno Gerais do EM desta de quinta feira dia 6/11 sobre uma cidade na encruzilhada. Ele usou o verbo poder com moderação. Contudo, o que no entendimento dele "poderia", já está acontecendo. BH já virou uma cidade fantasma.
Recebi, por coincidência, uma convidada de Brasília nesta quarta feira dia 5/10 e programamos um cinema que seria seguido de um jantar por volta de 23:30hs, após a penúltima seção.
Saímos do cinema no Shopping Diamond e seguimos em direção ao tradicional e consagrado Bairro de Lourdes para jantar, mas o que encontramos nos deixou perplexos.
As 23:45hs não havia nenhum restaurante de bom nível aberto e os que estavam, encontravam-se completamente vazios.
Apelei para um dos bares tradicionais e o gerente informou que o expediente já havia encerrado.
Fiquei chocado e ela mais ainda, pois sempre ouviu dizer que BH é a capital da gastronomia e do bares. Senti um misto de vergonha e decepção e tentei justificar, mas eu mesmo não entendi o que se passava com a Capital Nacional dos bares…
Atribuo isso não só a "Lei do Silêncio", mas sobretudo a "Lei Seca". As pessoas estão com medo de sair para jantar, tomar um vinho e se transformarem em indivíduos fora da lei. Ninguém quer passar por esse constrangimento e poucos querem pegar taxi que nem sempre estão qualificados para transportar pessoas um pouco mais exigentes. A desqualificação do serviço, com raras e honrosas exceções é evidente, salta aos olhos.
A escolha então é ficar em casa e assistir novela junto com a derrocada do que tínhamos como marca: A noite e a gastronomia.
Ninguém é contra a Lei Seca e nem Tampouco a Lei do Silêncio, mas ambas estão sendo aplicadas de forma equivocada e tornaram-se bandeira de alguns políticos oportunistas que não conhecem a realidade, vivem em um mundo próprio se achando donos da verdade.
Existem meios de preservar o sossego de vizinhos de restaurantes e a segurança das pessoas ao volante sem radicalismo.
Com efeito, o que não pode é a população e em especial os empresários do setor de entretenimento assistirem passivamente a aplicação de Leis que desconsideram o principio da razoabilidade e afetam toda uma cidade e sua cultura.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
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