Esta semana entrevistei no meu programa do “Canal Noticioso no YouTube”, “Programa Conexão BH”, que está na sua 5a edição, o médico oncologista Dr. André Murad, amigo que tem um curriculo brilhante e serviços prestados à comunidade científica internacional. Convidei o Dr. André para falar dos impactos da imobilidade urbana na saúde do belo-horizontino e ele acabou nos contando de um gás cancerígeno chamado Radônio que está presente em vários bairros da capital agindo silenciosamente sem que a população tenha noção do que está acontecendo.
A entrevista com o Dr. André Murad ganhou tons preocupantes quando ele nos contou que este gás é responsável por aproximadamente 17% dos casos de câncer de pulmão e que o poder público não tem qualquer controle sobre os índices de Radônio nos lares onde ele é presente: Citou estudos de pesquisadora da UFMG, Dra. Talita Santos, na área de engenharia que fez estudos e mostrou que Engenho Nogueira, Jardim América, Nova Suíça, Ouro Preto, Castelo, Centro são alguns dos bairros com incidência de Radônio acima do tolerável, mais de 148Bq/m3 (4pCi/l) “A Citizen’s Guide to Radon“.
O gás é um isótopo do Urânio, do Tório e do Rádio, altamente cancerígenos. Se você mora em prédios acima do quarto andar não precisa se preocupar, mas se sua residência é no nível do solo, o Dr. Andrè Murad deu dicas para se proteger. Ele sugere que pisos tenham rejuntes reforçados, especialmente os pisos de madeira em que as fundações estão em contato direto com o solo. O gás passa pelas frestas, não tem cheiro e é incolor. As caixas de eletricidade e apagadores devem ser fechadas e a casa deve ser aberta à ventilação natural diariamente. Quem tem ar condicionado deve abrir janelas e portas pelo menos uma vez ao dia.
O Radônio se dissipa facilmente na atmosfera, desde que o local não seja fechado. O médico oncologista falou dos efeitos da imobilidade urbana na saúde das pessoas. “Não precisa ser especialista para deduzir que carro parado em engarrafamentos gasta combustível, gera estresse, faz a produção cair e em especial afeta o meio ambiente com danos à saúde”. O ambiente hostil do transito de BH provoca câncer de pulmão e das vias áreas digestivas, afirma o especialista.
O trânsito de BH virou problema de saúde publica e de economia, mas as autoridades seguem varrendo o assunto para debaixo do tapete como se não existisse. Já não é mais possível marcar compromissos em determinadas regiões da cidade com a certeza de que vamos chegar a tempo de cumpri-los. Distâncias que antes eram percorridas em minutos agora estão levando horas, e o poder público parece não se importar com isso. A população está à deriva de sinais e de cruzamentos, os gargalos crônicos se multiplicam e a infraestrutura da cidade estacionou há 40 anos.
Importante também notar na fala do médico a inclusão do binômio trânsito e transporte como uma das atividades próprias do Estado, expondo a falácia de que “a cidade é para as pessoas” justificando a falta de investimentos e a ideia estapafúrdia de que obras não resolvem o caos. A cidade é para as pessoas de fato, as que estão de carro, a pé, de bike e no desconfortável transporte coletivo. Dr. André nos deu uma aula de cidadania, e fez alerta importantíssimo contra o Radônio. Vale a pena assistir a entrevista que segue no Canal Noticioso, no YouTube, acessando o “Conexão BH”. www.youtube/canal noticioso – https://m.youtube.com/watch?feature=youtu.be&v=x4XNxu3L0xE
José Aparecido Ribeiro
Jornalista – DRT 17.076
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