Mesmo com 20% a menos na frota de veículos, o Portal Sul de BH dá sinais de saturação.

Embora haja uma redução de 20% de veículos nas ruas de BH em virtude do período de férias, algumas regiões dão sinais de saturação. É o caso do “Portal Sul, com destaque para o trevo do BH Shopping. O local tem retenções permanentes para quem desce a BR 356 em direção a Av. Raja Gabaglia, o trevo, construído há mais de 40 anos, não suporta mais o volume de veículos, e espera por intervenções de engenharia.

É ponto pacifico que o trânsito de BH está travado e que a “i-mobilidade urbana” reina absoluta por todas as regiões. São mais de 150 pontos de estrangulamento que esperam por engenharia. Porém a engenharia está divorciada de BH. As poucas intervenções realizadas durante a Copa do Mundo de 2014 não tiveram efeitos práticos sob a fluidez do trânsito, e a falta dela causa congestionamentos cada vez maiores, mais estressantes e insuportáveis, que geral prejuízos para economia e para a saúde do belo-horizontino.

Recentemente a CNT (Confederação Nacional dos Transportes) divulgou dados reveladores que deveriam nortear as ações do gestor do trânsito e do prefeito, pois traduzem o desejo da população: BH é a cidade do Brasil com o pior trânsito. A pesquisa mostra em números o que todo cidadão belo-horizontino conhece na prática. A taxa de motorização da cidade é de 65%, a maior entre as capitais.

Significa dizer que o automóvel é meio de transporte de 1,7 milhões de pessoas, em uma população de pouco mais de 2,5 milhões. Esperneios à parte, dos que defendem uma cidade “ideal”, sem carros, trata-se de uma escolha que deveria ser respeitada, e não ignorada, sob a alegação de que o correto acredite amigo leitor, é andar de BRT ou bicicleta. Cômico, se não fosse trágico, basta ver o clima e a topografia da capital.

Este erro grave de interpretação do desejo original da população custa caro para o meio ambiente, para o bolso de quem usa carro, e torna o ato de ir e vir um verdadeiro martírio. Congestionamentos são atrasos de vida. Se é possível piorar, então vamos lá. O Plamob (Plano de Mobilidade 2008/2030) prevê tão somente BRT e ciclovias para uma cidade que caminha em direção a 2 milhões de veículos. Pasmem, não existem planos capazes de enfrentar o problema e devolver fluidez ao trânsito. A BHTRANS espera que a população mude hábito, passe a andar a pé, de bike ou de BRT.

Você já deve ter ouvido que a cidade é para as pessoas. De fato ela é para quem está a pé, de bike, de ônibus e para quem está de carro. No entanto, todas as ações em curso são no sentido de restringir e exorcizar o carro, como se ele fosse conduzido por ET´s. Na medida em que as obras capazes de evitar retenções de tráfego são preteridas, o passivo se agrava, tornando-as mais caras e complicadas de serem realizadas.

Exemplos não nos faltam, mas vamos ao trevo do BH Shopping, cuja construção ocorreu no final da década de setenta, (do século passado) quando a frota de veículos da cidade era de pouco mais de 200 mil unidades. O local, todos sabem, nunca recebeu intervenções de engenharia em 42 anos, e não suporta mais o volume de tráfego. Nem o asfalto é tratado. Lá existe um funil que desafia a lógica, o bom senso e a física .

Isso vale para o cruzamento da Av. Raja Gabaglia com Av. Barão Homem de Melo, cujo volume é de mais de 80 mil veículos dia. Trata-se de um dos mais importantes corredores que distribui o transito da zona sul para o restante da cidade. É também acesso exclusivo ao bairro mais populoso de BH, o Buritis. Não menos importante é o trevo que dá acesso ao Belvedere a ao Sion, em frente à Favela do Papagaio.

Nos três casos a topografia “ajoelha”, pede “pelo amor de Deus”, facilitando o trabalho da engenharia, mas não se vê qualquer movimento que sugira intervenções (obra virou palavrão para a “turma do deixa disso” que dirige o tema mobilidade). Dispensa dizer que os três gargalos crônicos do Portal Sul não aceitam mais “puxadinhos”, pois estão saturados.

A cidade cresceu sua frota de veículos também, porém a sua infraestrutura e mentalidade de quem nos governa permanece a mesma há 50 anos. Chego a pensar que a política do quanto pior melhor é a que norteia as ações dos “especialistas”, pois a população mostra através de pesquisas, o seu desejo, mas eles calçados em discursos politicamente corretos, seguem achando que são os verdadeiros donos da verdade.

José Aparecido Ribeiro
Jornalista – Consultor em Assuntos Urbanos – DRT – 17.076 – MG
Membro da Comissão Técnica de Transporte da Sociedade Mineira de Engenheiros
Membro do Grupo Executivo do Observatório da Mobilidade de BH
Articulista nas Revistas Minas em Cena, Mercado Comum e Exclusive
Blogueiro no portal uai.com.br – blog zeaparecido
jaribeirobh@gmail.com – 31-99953-7945

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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