A reabertura do Aeroporto da Pampulha virou assunto de uma disputa apaixonada semelhante a um clássico entre Atlético e Cruzeiro. Uma torcida não conversa com a outra e o assunto tem dado o que falar. De uma hora para a outra, os interesses de BH e de MG ficaram em segundo plano e a BH Airport, concessionária de Confins, ganhou um monte de “procuradores”. Falta compreensão do fenômeno, sobra vaidades.
Vamos aos números e a lógica isenta de interesses umbilicais, sem paixões, tendo como premissa que o aeroporto é seguro, o numero de operações proposto não causará incômodos e que sua estrutura é mais do que suficiente para atender com qualidade o publico que usará o aeroporto com os limites claros de operações que permitem a coexistência pacifica e complementar dos dois aeródromos.
Mas antes chamo atenção para o fato de que a Infraero também é dona de Confins, e zela pelo sucesso daquele aeroporto, assim como a BH Airport. Se é dona de 51% de Confins, não poderia fazer nada que prejudicasse seu desempenho, ao contrário, ao propor a reativação da Pampulha, está preocupada com Confins e seu futuro.
Ninguém vem a MG por causa de um aeroporto, mas pelos apelos que o destino tem nos negócios, eventos e turismo. Ocorre que os defensores de Confins estão alardeando o esvaziamento do Aeroporto Internacional, sem a devida relativização. Ninguém em sã consciência seria contra Confins. O aeroporto recebeu investimentos e é motivo de orgulho para Minas, não só para BH.
Com efeito, os dois aeroportos podem se complementar. Pampulha vai trazer contribuições significativas para a consolidação de Confins, na medida em que reativa o destino Belo Horizonte, hoje preterido por empresários, executivos e organizadores de eventos. Refiro-me a uma parcela pequena de executivos com poder de mando nas empresas, que estão deixando de vir a BH em virtude do custo Confins. Custos diretos e tácitos, estes últimos, imensuráveis.
Se podem usar aeroportos centrais em outras capitais, por que vir para BH e ter o desconforto de acordar as 4H da manhã, ou levar 2 horas até o centro da capital em determinados horários devido a engarrafamentos crônicos que consomem tempo e paciência? Para a maioria dos passageiros isso tem pouca importância. Mas para alguns executivos, é decisivo. E são estes os responsáveis por colocar BH em segundo plano em suas escolhas de local sede de reuniões e eventos. Pampulha vai resolver isso.
Vamos aos números: Quantos voos confins têm hoje? Quantos voos podem ser liberados inicialmente na Pampulha? Qual a capacidade total de voos na Pampulha, e quanto isso de fato representa em relação a Confins. A decisão número 75 da Anac condiciona a liberação de jatos na Pampulha ao limite de 155 operações semanais definido na portaria número 908/SIA.
Segundo a Infraero, as 155 operações correspondem a de pares pouso e decolagem, o que dá 22 pares por dia e apenas 1 par pouso/decolagem a cada 50 minutos considerando o funcionamento entre 7h da manhã e 22hs. Isso se traduz em uma média de 2.4 voos (pouso+decolagem) por hora.
Mas qual o impacto disso sobre os voos de Confins hoje? Segundo HOTRAN vigente da Anac, Confins tem hoje 1011 operações semanais (pares), sendo que o atual limite de 155 operações semanais na Pampulha corresponde a apenas 15% do movimento de Confins. Vejam bem APENAS 15%, e não o que se especula e que de fato colocaria Confins em risco.
E sobre a afirmação de que a Pampulha tiraria de Confins as “pontes” para Congonhas, Santos Dumont e Brasília? Ainda de acordo com o HOTRAN, Confins tem 322 operações semanais (pares) para os três aeroportos. Considerando o limite inicial de 155 operações semanais, Pampulha só poderia atender a 48% de todos os voos de Ponte Aéreas que confins oferece hoje nos referidos aeroportos centrais – Congonhas, Santos Dumont e Brasília.
Isso considerando que Pampulha só operasse única e exclusivamente com esses três destinos. O que não se pretende. A ideia é ter 2 ou 3 voos no máximo para cada período do dia para esses destinos pela manha, tarde e a noite.
Os números devem ser postos no plano racional para desconstruir afirmações sensacionalistas e exageradas como as que vêm sendo declaradas pelos defensores de Confins, que ainda não compreenderam os benefícios que os dois aeroportos podem trazer para o destino BH, aquecendo a economia, os negócios e o turismo.
Jose Aparecido Ribeiro
Jornalista, Bacharel em Turismo
Blogueiro portal uai.com.br
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