Se o Anel Rodoviário do prefeito Kalil existisse, é muito provável que nele fossem instalados um monte de quebra-molas, sinais a cada 500 metros, detectores de avanço armados para pegar os menos avisados e ao invés de uma via expressa, como ele é de fato, a única via sem interrupção de tráfego que a cidade possui, tornasse-ia uma avenida. Ele só não seria o que é de direito, uma rodovia federal.
A palavra fluidez não existe no dicionário do prefeito e nem tampouco da empresa que administra mal e precariamente o trânsito da capital, cuja porta é o exemplo da sua inoperância, logo ali no bairro Buritis. Quem não conhece Kalil diria que sua atitude ao propor o fechamento do Anel Rodoviário para o trânsito de caminhões é irresponsável.
Nós que já o conhecemos, sabemos que trata-se de mais uma “fanfarronice”, mera estratégia de marketing para deixá-lo bem com a “massa” que o elegeu. Para agravar e empoderá-lo, se achando, ele joga a bola para a imprensa, que mata no peito e faz exatamente o que ele planejou, dando visibilidade às suas bizarrices.
Quando convoca a mídia o prefeito já sabe o que o povo vai dizer: Neste caso em “unis-som” todos dizem, “o prefeito está fazendo a parte dele”… Isso é o que pensa os menos avisados. Kalil adora falar o que o povo gosta de ouvir, mesmo que ele não possa cumprir o que promete. Prometeu abrir a tal caixa preta da BHTRANS, ainda que ela não exista, e o povo foi ao delírio. Se de fato existisse, ele entregou a chave para o seu dono. Isso ninguém questiona.
Agora promete fechar o Anel Rodoviário da capital de Minas Gerais para caminhões, e a massa entra em êxtase, sem saber que ele não vai fazer o que prometeu por razões objetivas: A Via tem jurisdição do DNIT que é um órgão federal e que jamais fará tamanha bobagem ferindo o direito de ir e vir ou mesmo comprometendo a logística de carga não só de Minas, mas do Brasil inteiro. A intenção é boa prefeito, mas a medida precisa ser melhor debatida com quem de direito.
Imagine a cidade de Belo Horizonte fechada para a passagem de caminhões. Esquece o prefeito que o abastecimento de milhares de outras cidades e mesmo de BH dependem das quatro rodovias que atravessam a capital, e não do seu humor ou das suas fanfarras. Chega a ser cômico, se não fosse trágica a declaração. BH está geograficamente em local estratégico e é ponto de confluência de quatro grandes rodovias federais, cujo entroncamento se dá dentro da cidade: BR 040, BR 381, BR 356 e BR 262.
Quisesse mesmo o prefeito fazer menos marketing e resolver o problema, deixaria de brigar com o DNIT, trataria de se desculpar pela última bobagem que fez ao acionar a justiça contra o superintendente do órgão, inutilmente e juntos de mãos dadas, fariam uma visita ao Presidente Temer, que esqueceu onde fica Belo Horizonte. Ele e a bancada federal de Minas em Brasília. São eles os donos do cofre. O lenga-lenga não é falta de projetos, mas de dinheiro.
A fanfarronice do Prefeito só tem atrasado ainda mais as soluções para o Anel. Poucos sabem que ao invés de cuidar das três intervenções urgentes que já estão com projetos prontos e recursos, que eliminariam os gargalos que causam engarrafamentos e por consequência acidentes graves nas proximidades do bairro Betânia, o superintendente do DNIT está cuidando de se defender das acusações do Prefeito junto a Justiça Federal. Processo que não dará em nada, mas que significa perda tempo precioso que ele não tem. “Sua majestade”, o prefeito precisa cuidar do trânsito de BH, antes que a cidade entre em colapso, o resto são firulas e alegorias para agradar seus torcedores apaixonados.
José Aparecido Ribeiro
Jornalista – Consultor em Assuntos Urbanos
Presidente da ONG SOS Mobilidade Urbana
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jaribeirobh@gmail.com – Blogueiro no portal uai.com.br