O trânsito de Belo Horizonte está em colapso há algum tempo e é possível perceber que a BH Trans retirou-se das ruas. Motoristas estão à deriva de sinais que não dão conta mais do volume de veículos. Convidada a manifestar a empresa limita-se a dizer que o BRT/MOVI vai resolver o problema, e que é o excesso de veículos a causa do caos. Ou seja, não dizem nada. Os “especialistas” que falam em nome do órgão tentam importar soluções de cidades planas, clima temperado e culturas habituadas a ações coletividade, a exemplo do PLANMOB, copiado das cidades Colombianas de Bogotá e Medellin. Lá as medidas deram certo, mas nada garante que o certo lá seja o recomendável aqui em BH, cuja topografia é acidentada, o traçado ortogonal e o clima quente a maior parte do ano.
Eles ignoram o que os números revelados pela própria BH Trans mostram: 46% da população de BH prefere o carro. Já os 54% de usuários do transporte público estão insatisfeitos e usam o ônibus ou o metrô por que não podem ter carro ou moto. As autoridades não estão enxergando o obvio, a cidade precisa de obras. Não as que são mostradas nas propagandas oficiais, mas as que eliminariam mais de 100 gargalos que não deixam o trânsito fluir. Em qualquer parte da cidade, por onde se anda, os gargalos estão presentes afunilando e segurando o tráfego, contribuindo para poluir o meio ambiente e para baixar a qualidade de vida de quem precisa se deslocar.
Esquecem também de refletir sobre os números da industria automobilística, que apontam para o crescimento da frota, segundo dados do IPEA, a taxas de 8,5% ao ano. Só em BH são emplacados 250 veículos por dia. Isso em virtude do gosto pelo carro e pela facilidade de crédito, fazendo do Brasil o segundo produtor de carro mundial. Ignoram que o carro é um direito do cidadão e muito mais do que um meio de transporte, ele é sonho de consumo da maioria dos brasileiros. Não é por acaso que o programa do Governo Federal, INOVAR AUTO já trouxe para o Brasil 11 novas montadoras. Vale lembrar que as tradicionais, seguem expandindo suas fabricas.
Com efeito, exorcizar o carro e pedir o uso racional dele beira a ingenuidade, pois racionalidade é relativizada de acordo com os interesses pessoais de cada sociedade, em especial as individualistas como a nossa. Pedir para o cidadão deixa-lo em casa para usar o transporte coletivo beira a insensatez. Medidas paliativas ou de transferência de responsabilidade também não resolvem, só pioram as coisas. A cidade precisa de Tuneis, trincheiras, viadutos, elevados, vias expressas e obras que façam o transito fluir, como acontece em locais onde a mobilidade é exemplo a ser seguido. Que me perdoem os românticos e os “especialistas” contrários as obras, a cidade está viva, e exige medidas mais ousadas para enfrentar o problema. Chega de lero lero e discurso moderninho.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Mobilidade
Presidente do CEPU-ACMinas
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