O Governo de Minas anunciou um pacote de obras para melhorar o trânsito na Região Norte de BH, e dá sinais de que está preocupado com o tema, às vésperas das Eleições e da Copa do Mundo. Sorte da população, do candidato do governo e de quem vai chegar para o Evento. Tais obras no entanto deveriam ter sido feitas na ocasião da construção da Linha Verde, e cujo projeto original incluía as 3 interseções que serão feitas agora na Av. Cristiano Machado. (cruzamentos com Av. Sebastião de Brito, Av. Waldomiro Lobo, Rua Saramenha e Estação Vilarinho do Metrô). Naquela ocasião os custo teriam sido bem menores, já que dispunha-se de tempo. Contudo, é importante ressaltar que a Av. Cristiano Machado ainda permanece com 3 gargalos crônicos que terão que ser encarados pela PBH ou pelo Governo de Minas. O primeiro é o cruzamento com Rua Dom Leme na Cidade Nova, o segundo é cruzamento com Rua Jacuí no bairro Renascença e o terceiro e mais grave é o estreitamento de pista na passagem de nível da estação Primeiro de Maio do Metrô, onde as 6 pistas afunilam em 3, causando engarrafamentos diariamente. Devagarzinho as autoridades municipais e estaduais começam compreender que as obras são inevitáveis, pois a cidade cresceu e elas foram preteridas pelos defensores do transporte coletivo, que usaram o discurso de que elas não resolveriam o problema da mobilidade, empurrando os gargalos de uma esquina para outra. Com efeito o numero de emplacamentos cresce como nunca na história do Brasil, só no mês de agosto foram emplacados nada menos do que 358.646 veículos no País. É a prova de que independente de transporte publico de boa qualidade, o carro não vai sair de cena. Por razões bastante objetivas: Ele significa status e ascensão social, é a base da indústria nacional; vivemos em uma sociedade extremamente individualista e o carro significa também liberdade para as pessoas. Embora o discurso oficial seja para que o povo deixe seus veículos em casa, para andar de ônibus, bicicleta, a pé ou de metrô, na prática muito pouco está sendo feito para facilitar as mudanças de atitude. BRT melhora a vida de quem já usa o transporte público, mas não é apelo para que motoristas virem pedestres ou passageiros. Não adianta exorcizar o carro nos municípios e oferecer incentivos, credito e facilidades para o trabalhador adquiri-lo, no plano federal. Há um descompasso entre o discurso e a prática que torna o problema insolúvel a curto ou médio prazo. Portanto, das 150 obras que a cidade precisa, 3 foram anunciadas pelo Governador e são muito bem vindas, ficam faltando agora 147 para o Prefeito. E vale lembrar que não adianta os puxadinhos, BH precisa de tuneis, trincheiras, viadutos, elevados, pontes, passarelas, alargamento de vias e soluções capazes de preparar a cidade para o dobro de veículos nos próximos 15 anos. Quem viver, verá!
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Mobilidade
Presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana
ACMinas
CRA – MG 0094/94
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