O hino de uma cidade que pede socorro.

"É aqui que eu amo, é aqui que eu quero ficar, pois não há lugar melhor que BH". Será que o refrão do hino está sendo condizente com o que estamos vivendo? O trauma de terça feira 8/5 já foi esquecido por grande parte da população, pelas autoridades, e ao que tudo indica, não serviu de lição. Os depoimentos e as justificativas das autoridades, incluindo a do Prefeito, através da assessoria de imprensa, foram lamentáveis, revelam desconhecimento do assunto e aversão às criticas de quem esteve no olho do furacão e tem o direito de entender o que aconteceu.

O gesto diminutivo dá sinais inequívocos de que a cidade vai continuar a deriva de sinais e dos congestionamentos gigantes que causam estresse e até riscos de vida para quem fica preso no transito. Tratar o assunto como um acontecimento atípico, é reduzi-lo a uma insignificância perigosa e diametral à realidade dos fatos que são cada vez mais recorrentes. A população precisa saber onde estavam e o que estavam fazendo na tarde e noite de terça feira 8/5, o Sr. Prefeito, o presidente da BH Trans e o diretor de operações da Autarquia, que nunca havia aparecido para dar declarações.

Eles precisam dizer o que está sendo feito para que o colapso não volte a acontecer, alem de saberem com precisão as causas que levaram a cidade viver um dia que vai entrar para a sua história como um dos piores no que diz respeito a engarrafamentos.

Precisa dizer onde está montado o “gabinete de crises” e por que ele não entrou em ação, se de fato ele existe. Se não sabem o que declarar, precisam assumir isso publicamente com humildade e responsabilidade. Milhares de pessoas não tinham como fazer suas necessidades básicas presas dentro de ônibus e carros parados por 4 horas e isso não é normal, não pode ser varrido para debaixo do tapete como querem os adeptos do "politicamente correto".

Os relatos são de que não houve esforços das autoridades para a resolução do problema. Agentes, que segundo essas mesmas autoridades foram empenhados, não foram vistos e está havendo omissão de informações verdadeiras. Se existiu omissão, o mínimo que o Prefeito deve fazer, mesmo depois de uma semana, é vir a publico e se explicar, com um plano debaixo do braço e na ponta da língua. Ou até mesmo decretar a exoneração de todos os envolvidos que cometeram negligencia, prevaricação ou foram omissos. A tarefa de um Prefeito, mais do que garantir a permanência do seu grupo no poder é conhecer os problemas da cidade que governa e combatê-los, a tempo e a hora. Reconhecemos o seu esforço, mas isso não está sendo suficiente para justificar o episódio de terça feira e nem o caos que se abateu sobre o transito da cidade diariamente. O povo e a opinião pública quer saber o que aconteceu de fato. Até para que a credibilidade do político seja preservada.

Mandar recados através da assessoria de imprensa ou ficar em silêncio é um desrespeito e uma forma de mostrar que não existe domínio da situação. Infelizmente o governo é montado por várias correntes e partidos, boa parte dos cargos importantes estão ocupados por cabos eleitorais, muitos sem qualificação ou compromisso, e há relatos de gente que não tem capacidade técnica para ocupar posições importantes.

Às vésperas de uma eleição, especula-se até em sabotagem. O Prefeito precisa ter respostas para o que ocorreu. Os Cidadãos querem ouvi-lo. Correr não resolve, ficar em silêncio menos ainda, dar desculpas superficiais nem tampouco.

Não é isso que se espera de um político comprometido com o seu povo, mesmo que as pesquisas apontem bons índices de popularidade. Sabe-se que no momento existem forças contrárias fazendo parte do governo. A governança de coalizão em um universo de partidos sem identidade ideológica imposta pelos antecessores do prefeito pode ser a explicação para muitas coisas erradas que são vistas na cidade hoje. O alerta precisa ser ligado, se não queremos surpresas ainda maiores.

 

José Aparecido Ribeiro

Consultor em Assuntos Urbanos

ONG SOS Mobilidade Urbana

CRA MG 0094 94

31 9953 7945

 

 

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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