O martírio da I-MOBILIDADE começa novamente, sem um plano de emergência.

O carnaval acabou, segunda feira a imprensa estará focada na “grande experiência” dos taxi na busway da Av. Antonio Carlos, um feito histórico, só em BH. Algo corriqueiro, mas que aqui ganha destaque em primeira página de jornal e assunto principal de pauta da imprensa.

Contudo o principal, ninguém vai lembrar: a cidade volta a sua rotina e com ela o caos no trânsito. O drama da i-mobilidade urbana em BH agrava-se dia após dia, afetando a vida de milhões de pessoas, seja no transporte público ou no transporte individual. Sai governo, entra governo, e o grupo que dirige o tema (BHTrans) permanece o mesmo, há 35 anos.

O Prefeito eleito e empossado prometeu abrir a “caixa preta” do órgão de trânsito, mas o que se viu até agora foi a entrega da chave para quem sempre tomou conta dela. Tomara que Kalil  tenha um plano de médio e longo prazo para mudar esse cenario. Do contrário, o que está ruim, vai piorar.

Deslocar por BH virou assunto de saúde pública. O trânsito não flui, a cidade cresceu, mas as obras que ela espera para se adequar a sua própria realidade viraram paradigma. A Propria estrutura da BHTrans e da SUDECAP não cresceram na proporção da frota de veículos.

Contudo, calçados em discursos politicamente corretos, mas incompatíveis com a realidade, “gestores” copiam modelos europeus com foco em restrição ao uso do carro, mesmo sem oferecer alternativas capazes de mudar habitos e fazer o motorista virar passageiro.

E quem paga a conta deste equívoco é o cidadão preso diariamente em km de engarrafamentos crônicos, sempre nos mesmos lugares. A insalubridade do trânsito de BH aumenta na medida em que a frota de veiculos cresce e as intervenções de engenharia são postergadas.

As marcas deste olhar miope podem ser comprovadas por toda a cidade naquilo que não é feito em detrimento de uma ideia de cidade que deveria ser, e não em como ela é. O pseudo planejamento apresentado para os munícipes sobre a arte de administrar a cidade segue no conforto ilusório de que estreitando cruzamentos, alargando passeios, construindo ciclovias que ninguém usa, perseguindo quem tem carro, instalando radares e evitando obras as pessoas migrarão para o coletivo, no caso específico, BRT. Ledo engano.

Cabe ressaltar que, de cena, o carro não sairá tão cedo. Ao contrário, quem não tem, tem ele como objeto de desejo número um. A frota beira 2 milhões de veículos, mesmo em meio a uma crise sem precedentes na economia.

A cidade precisa de um plano de emergência urgente capaz de criar corredores sem interrupção de tráfego, atravessando especialmente a zona sul, onde estão concentrados os principais gargalos, permitindo assim maior fluidez, economia de combustível, menos poluição e por consequência diminuição do estresse que afeta  toda a população.

E isso so é possível através da retirada de sinais, (mais de mil), instalação de passarelas e algumas intervenções de engenharia que  eliminem cruzamentos. Contudo a tese vigente é de que obras não resolvem. O que você acha disso, se elas não resolvem, o que resolverá?

Jose Aparecido Ribeiro

Consultor em Assuntos Urbanos e Autor do Blog SOS MOBILIDADE URBANA. 31-99953-7945 – CRA MG 08.0094/D

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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