A situação do caixa do estado de Minas Gerais me faz lembrar a cidade de Macapá, nos anos de 2009/2010, ocasião em que fui secretário de governadoria daquela capital. Comparar O PIB de Macapá com o PIB de Minas pode confundir o leitor, mas eu explico o porquê da proposição, já que estamos falando de gestão pública, de política e de políticos.
A maior preocupação do prefeito era buscar recursos para garantir o funcionamento da máquina e pagar os salários dos servidores. Cada dia de atraso no repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) era um tormento na vida dele.
Uma cidade ou um estado cujo mandatário tenha que gastar energia e tempo para garantir que a máquina funcione e seus servidores possam receber salários em dia, é um sinal de anomalia grave.
Não é essa a tarefa de um governante, sua existência inclusive é dispensável fosse esse o foco de suas ações. A triste realidade da capital do Amapá, município pobre no Norte do Brasil em 2010 se compara ao retrato de Minas Gerais hoje. O Estado está quebrado, e não consegue cumprir o básico. Empresas estão buscando refúgio em outras paragens, onde a carga tributária é mais justa e os incentivos são maiores.
Tenho lembranças de construtoras que nasceram em Minas e que transferiram suas sedes para São Paulo. Empresas que foram responsáveis pelo pouco de infraestrutura que o estado e o país possuem. As mineradoras até meados da década passada tinham seus centros decisórios em Minas, hoje estão deixando o estado. Não fosse o agro negócio e as exportações de uma indústria cambaleante, nem pagamento dos servidores com atraso seria possível. Investimentos, nem pensar.
O acidente da Mineradora Samarco vale lembrar, causou prejuízos materiais, perdas humanas e ambientais, mas a tragédia maior pode ser medida na arrecadação e na economia do estado. A empresa está sem operar desde novembro de 2015. Em 2017 Minas deixou de arrecadar com essa paralisação, mais de R$1 bilhão em impostos, mais de 19,5 mil postos de trabalho foram fechados.
Quem não se lembra dos bancos que nasceram no estado e hoje possuem sedes longe daqui? A Montadora Fiat vem resistindo, mas recentemente abriu unidade produtiva em Pernambuco.
Pouco a pouco o estado vem perdendo competitividade. Concessionárias de rodovias estão devolvendo contratos por que não conseguem cumprir metas de duplicação graças ao ativismo ambiental que importa menos com vidas humanas e mais com arvores no caminho de rodovias.
Chegamos até aqui para falar de uma catástrofe silenciosa e cotidiana que afeta a vida de milhões de pessoas na RMBH e que será o maior desafio para quem assumir o governo: A mobilidade urbana, ou a falta dela causada pela defasagem da infraestrutura.
Este é o cenário que o novo governo recebe em 1º de janeiro de 2019.
Assumir um estado nestas condições deveria preocupar qualquer candidato, especialmente se ele for um cidadão bem intencionado. Os desafios são gigantescos, as fontes de recursos limitadas. Então o que motiva uma pessoa de bem a brigar para receber esse fardo? De certo essa é uma pergunta que nem mesmo os candidatos saberiam nos dizer, mas que sugere reflexões: Poder, vaidade, interesses de grupos, ou idealismo, qual é o seu palpite?
José Aparecido Ribeiro
Jornalista
Blogueiro no portal uai.com.br – osnovosinconfidentes.com.br Colunista nas Revistas: Exclusive, Minas em Cena e Mercado Comum
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