Obras de reforma da Praça da liberdade seguem devagar quase parando, no ritmo de Belô. Ou será que ficou pronta? Os primeiros tapumes foram colocados no local em 29 de junho, e retirados hoje. Passados cinco meses, fica uma pergunta: será que realmente precisava do transtorno causado? A “reforma” entre outras coisas estreitou vias já saturadas no principal corredor de ligação entre a Zona Sul e toda a Região Norte da cidade. Inacreditavelmente os passeios também foram alargados, onde pedestre já tem espaço de sobra.
A reforma só se explica se for para atender ao capricho de algum urbanista da UFMG que mora na Savassi, mas “não gosta” de carros. A Alameda Travessia que cruza a praça até o portão principal do Palácio dos Despachos foi emendada, e o piso de pedra levado até o portal do Palácio. Uma espécie de redutor que força a diminuição da velocidade e “embeleza” a Praça. Pelo menos a que existe na cabeça dos xiitas responsáveis por este e outros projetos na cidade. Na prática não se viu qualquer novidade.
É mais uma obra que faz parte daquele conjunto de intervenções que pretendem, veladamente, dificultar a vida de quem usa automóvel com o propósito de provocar mudança de comportamento. Ironicamente isso ocorre em uma cidade que não oferece transporte publico de qualidade capaz de provocar a tal mudança que tanto querem. Refiro-me aos projetos “Mobicentro e Zona 30”, um festival de insensatez em nome de aparências e metas estapafúrdias.
O grupo que vem tratando do tema mobilidade na capital desconsidera a realidade, e usa o discurso politicamente correto de que “a cidade é para as pessoas e não para os carros”, como se o automóvel fosse entidades autônomas, andassem sozinhos e por mero capricho de seus donos, (cidadãos de segunda classe). Na “Polis” deles cidadania é só para quem anda de bicicleta, a pé ou de “busão”(BRT). Vaidade e miopia maior não há.
Lembro que pela Praça da Liberdade, tanto na Rua Gonçalves Dias quanto do lado do Palácio em frente ao portão principal que dá para a Alameda Travessia, os corredores servem como portal para quem entra e sai da Zona Sul da capital. Enquanto a engenharia não for convocada para apresentar projetos de túneis ligando as avenidas Bias Fortes, Brasil e Cristovão Colombo, debaixo do Palácio e da Praça da Liberdade, não deveria haver intervenções restritivas de trafego, pois não existem alternativas periféricas que permitam rotas alternativas sem custos para o trânsito.
Ao contrário, as intervenções precisam seguir o critério da fluidez como meta. A cabeça dos urbanistas responsáveis pelas soluções de mobilidade de BH está no século XIX, lá na Europa, embora a cidade de BH fique aqui e tenha crescido chegando no século XXI. Com efeito eles insistem em varrer 2 milhões de veículos para debaixo do tapete por que acham que isso é o certo, mas na prática, a população está dizendo o contrário, que é de carro que ela gosta e mais deseja.
Os números de emplacamentos não me deixam mentir. Só não vê quem não quer ou tem compromissos ideológicos com o tema…
Mesmo com a obra aparentemente concluída os danos a circulação e os prejuízos provados pelo caos no trânsito estão contabilizados. Os passeios mais largos agradarão aos que vivem na região e não conseguem enxergar o “conjunto da obra”, porém a verdade é que trata-se de mais um puxadinho, “para não dizer que não falaram de flores”.
José Aparecido Ribeiro
Jornalista – DRT 17.076
31-99953-7945