Belo Horizonte vive período de alagamentos, quedas de encostas, muros, lama, transbordamento de rios, caos no trânsito, estresse, árvores tombando em cima de carros, buracos que engolem pessoas, absurdos que poderiam ser evitados. Tudo em virtude das chuvas. Será mesmo que a culpa é das chuvas? Em sua opinião, é São Pedro o culpado? Ou serão os santos que ocupam a PBH, a SUDECAP, a Secretaria de Obras e outras que deveriam, mas não fazem o dever de casa?
Acomodação
A cidade vive um período de apagão do serviço publico eficiente em quase todas as áreas. Acomodaram-se, fazem o básico, quando fazem. As chuvas não deveriam causar surpresas, elas apenas desnudam a realidade de uma cidade que parou no tempo, que não investe em infraestrutura. É assim também com o trânsito e o transporte público. Estamos nas mãos de gente sem compromisso, boa parte deles esperando aposentaria, de braços cruzados.
Há exceções, mas elas estão ficando raras. Servidores concursados cumprem tabela, batem cartão e no popular, “querem ver o mundo acabar em barranco para morrerem encostados”. Veja a que ponto chegou: medimos a capacidade de um secretário de obras pela honestidade e não pelo histórico de realizações, em que pese o respeito que temos pela pessoa do atual, e o desprezo por outros que passaram e deixaram a marca da mediocridade nos últimos 30 anos, alguns ocupando a mesma pasta no estado.
Honestidade em BH virou virtude.
Honestidade, caro amigo leitor, virou virtude, ainda que isso seja obrigação. Há quatro décadas Belo Horizonte vem sendo administrada por políticos e secretários meia boca, alguns populistas, inexperientes, tem até fanfarrões e engenheiros com visão limitada aos horizontes de Felixlandia… Gestores da SUDECAP, BHTRANS, secretarias estratégicas e regionais são indicados não por méritos, mas por cor partidária e compromissos de campanha. E a culpada do caos é da chuva!
Alagamentos, desmoronamentos, transbordamento de rios que viraram avenidas, e toda sorte de absurdos que vem acontecendo não deveriam ser surpresa. As chuvas caem todos os anos, em maior ou menor intensidade. Ela se vai e ninguém mais se lembra do que deveria ter sido feito. A cidade vem sendo, por uma ordem natural inerente ao crescimento, impermeabilizada o que significa volumes de água concentrados cada vez maior.
O dever de casa não está sendo feito.
Em algumas regiões de BH a população dorme preocupada. O risco de tragédia é iminente, como é o caso da rua Harley no bairro Santa Lúcia (existem dezenas iguais ou piores). No local que virou um rio de lama, há alguns anos se ouve promessas de construção de um túnel ligando os bairros Santa Lucia e Buritis. Anúncio de campanha que não saí do papel. O que se vê, no entanto, é prenuncio de uma tragédia: um cano jorra água, lama e em breve irá jogar a Av. Raja Gabaglia morro abaixo como está previsto também para a Av. Nossa Senhora do Carmo próximo ao Morro do Papagaio.
Promessas que não são cumpridas.
Para sorte dos medíocres que nos governam vivemos sob a égide da MUDILIDADE urbana (do inglês MUD). Vias urbanas que conduzem a lama (no sentido amplo), e nenhuma reação do povo. Na rua Halley, a espera já tem mais de uma década. Pela cidade inteira há exemplos de esperas ainda maiores. Esperas que são esquecidas tão logo as chuvas se vão…
José Aparecido Ribeiro
Jornalista – Blogueiro no portal uai.com.br
Consultor em Assuntos Urbanos
DRT – 17.076 – MG – 31-99953-7945 – jaribeirobh@gmail.com
Colunista e articulista das revistas – Minas em Cena/Mercado Comum e Exclusive