Todos os anos é a mesma coisa, chove, o barranco sede, o barraco cai, o povo grita, a imprensa escreve e dentro de algumas semanas, tudo vira lembranças, até mesmo para os que foram vitimas. E por que nada muda? Não muda por que tudo depende da política e dos políticos. E com eles nada acontece, são ungidos com o manto protetor do voto. O voto também tem conferido as eles o direito a impunidade, já que tudo vira intriga da oposição e é abafado em nome do “bem comum”. Eu não mexo com você e você também não mexe comigo, somos todos do mesmo “clube”, Judiciário, Legislativo e Executivos – todos servidores públicos. O voto tem permitido a eles o direito de prometer e não cumprir e a faculdade de exercer o ofício sem ter vocação. Não muda por que quem poderia promover as mudanças, atribui as causas das tragédias aos desígnios divinos. Deus resolve tudo, só não orienta o povo na hora de votar, nem tampouco seleciona candidatos decentes para que o erro possa ser menor. Não muda por que quem define as eleições, e que são as maiores vitimas das tragédias, não sabe e nunca saberá ser o juiz da democracia. Não muda, por que o modelo eleitoral está falido e permite que sejamos governados por indivíduos mal intencionados e incompetentes que estão ocupando cargos importantes, quando deveriam ficar longe deles. Não adianta gritar, espernear e achar que as manchetes dos jornais surtirão efeito. Mais tarde, no conforto do sofá, tudo é esquecido na frente da telinha… Nossa democracia padece de um pecado que o "Filósofo Platão" (Sec IV a.C) chamou de "pecado original de governos do povo", intrínseco: Ela permite a qualquer um, o que não deveria ser para “qualquer um”, e quem sela esse pacto, não sabe o que está fazendo, vive no jardim de infância, eternamente. Nossas classes dominantes e uma parcela significativa das classes intermediárias, incluindo a classe média, não costumam precisar da política e dos políticos, estão com a vida e a sobrevivência garantidas – isso inclui o JUDICIÁRIO E O MP – que estão se lixando para o modelo eleitoral que facilita a entrada dos maus e desanima os bons cidadãos no interesse pela política. O povão, por sua vez, que é quem define as eleições está entretido com o futebol, novelas, carnaval e mais recentemente com a barbárie do MMA e do UFC. Por isso o coro da imprensa costuma ser em vão. Se queremos mudanças de fato, capazes de evitar tragédias, o país precisa de uma limpa na política e de mudanças radicais no processo eleitoral. Com efeito essa limpa jamais vai acontecer. Enquanto mandatos forem comprados e não conquistados por idealismo, altruísmo e vocação, nada muda. Está cada vez mais claro que o voto do povo serve de arma contra ele próprio. Se o governo é do povo, conseqüentemente a culpa pelas tragédias recorrentes é do próprio povo e não é por acaso que existe uma máxima que diz que cada povo tem o governo que merece.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos
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