Radar campeão de multas: Não é por acaso…

Os radares dividem opiniões. Há os que acreditam que trata-se de uma máquina de arrecadação sem nenhum sentido pedagógico, e há quem diga que motoristas que cumprem as leis, respeitando os limites de velocidade não precisam preocupar-se com radar. Ambos tem razão, em partes.  Não é por acaso que o campeão de multas fica instalado em um local onde ele é dispensável.  Quem define o local de instalação, ao contrário do que todo mundo pensa, não è a empresa municipal de trânsito (BH Trans), mas a empresa contratada para a instalação dos equipamentos, por meio de "estudos". “Estudos" que muitos duvidam, inclusive eu…

 

O modelo precisa dar lucro para a Prefeitura, uma vez que o contrato com o fornecedor é fixo e pago por equipamento, a título de aluguel. A lei 8.666 dispensa a burocracia das licitações e permite o contrato por notório saber e capacidade técnica. Trocando em miúdos, notificando um ou 280 veículos por dia, que é o numero do campeão de arrecadação, a empresa tem remuneração fixa, que regra geral, equivale a 5 notificações por dia. Portanto, o excedente vai para os cofres da PBH, via BH Trans, tornando-se um excelente negócio para todo mundo, menos para o povo.

 

A lógica funciona da seguinte forma: Alguns radares são instalados em locais visíveis e não irão gerar resultados financeiros, mas outros são instalados em locais cuja visibilidade fica comprometida e precisam compensar aqueles que "produzem" menos. O exemplo do radar de velocidade campeão de multas que fica na saída do túnel da Lagoinha é perfeito para tipificar a armadilha. Instalado na curva, quem no o conhece passa desapercebido e é multado. Até quem tem o hábito de passar por ali periodicamente, costuma esquecer e ser multado a 69km/h, haja visto que a inércia do carro alcança 70km/h em média, velocidade que deveria ser a máxima permitida naquele local, e não 60Km/h.

 

"Inexplicavelmente", ali também não há transito de pedestre e nem riscos significativos de colisões. Já a pista contrária, sentido bairro centro, que é uma descida, onde haveria necessidade de instalação de um equipamento, este não existe. A média de velocidade dentro do túnel é de 80km/h e é comum colisões nas laterais do túnel e batidas na traseira na saída, antes da curva e do viaduto 5 que dá acesso à Av. Antonio Carlos. Os critérios para a escolha dos locais onde os radares são instalados portanto, são, no mínimo, questionáveis.

 

Se não bastasse, mais de 80% das multas por "excesso" de velocidade acontecem por uma diferença de 3 a 5 km/h, o que revela que se a velocidade máxima permitida fosse 70km/h  e não 60km/h a arrecadação cairia vertiginosamente, tornando o negócio ruim para a BH Trans e para a PBH. A 60 ou a 70km/h, onde não há fluxo de pedestres, não haveria riscos para motoristas. Com efeito, os que acreditam que o objetivo é arrecadatório, estão corretos. Para os que defendem a tese de que motoristas que respeitam as leis não precisam preocupar-se, também estão corretos, desde que os limites de velocidade sejam compatíveis com as vias e não sirva apenas para pegar os menos avisados de tocaia. Ninguém é contra radares, onde eles são necessários e dentro de limites coerentes e seguros.

 

José Aparecido Ribeiro

Consultor em transito e mobilidade

ONG SOS Mobilidade Urbana

www.zeaparecido.org

CRA MG 0094 94

31 9953 7945

 

By zeaparecido

José Aparecido Ribeiro é Jornalista, Bacharel em Turismo, Licenciado em Filosofia e MBA em Marketing - Pós Graduado em Gestão de Recurso de Defesa

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