A maioria dos veículos que circulam pela cidade têm seus aparelhos de rádio ligados. Além da música o rádio é fonte importantíssima de informações. Locutor de rádio é um companheiro atento aos problemas da cidade. Costumam falar o que gostaríamos mas não podemos. As rádios dedicam tempo, energia e recursos humanos ao assunto trânsito, algumas usam até helicópteros para informar onde o trânsito está melhor ou pior. Mas será que estão fazendo isso com criatividade e prestando um bom serviço para a coletividade?
É comum ouvir de locutores que o trânsito está parado por causa do “excesso de veículos”. Olhando superficialmente, eles têm razão. Saindo do lugar comum e aprofundando no tema é possível perceber que o problema não é o excesso de veículos, mas a ausência de infraestrutura em locais cuja rotina é sempre a mesma. Os engarrafamentos acontecem nos mesmos horários e locais em intervalos cada vez menores. Algumas vias estão saturadas há décadas e os exemplos são muitos.
A título de lembrança, é comum ouvir que o trânsito está completamente parado na Av. Getúlio Vargas entre Av. do Contorno e Av. Afonso Pena, em virtude do “grande volume de tráfego”. O correto seria dizer: Em virtude da falta de uma trincheira, capaz de evitar engarrafamentos no cruzamento de três vias importantes daquela região o trânsito está parado na Av.Getulio Vargas entre Av. Contorno e Av. Afonso Pena. Isso vale para centenas de vias por toda a cidade algumas delas entupidas de veículos praticamente o dia inteiro, como é o caso da Av. Pedro II e o Elevado Helena Greco.
O fato é que o volume de carros aumenta e as soluções de engenharia não acontecem no tempo que deveria. Não se vê a engenharia sendo aplicada para melhorar a fluidez do trânsito na cidade. Os sinais não são mais suficientes para organizar a demanda e não há presença física de agentes treinados capazes de intervir pró-ativamente no trânsito. O resultado são engarrafamentos, poluição, estresse e prejuízos incalculáveis. BH espera por intervenções de engenharia há 40 anos, mas elas viraram paradigma.
Ao ouvir nossos simpáticos locutores afirmando que o problema é do excesso de veículos e não da ausência do poder público gerindo ou provendo a cidade de infraestrutura necessária, as rádios acabam deixando gestores públicos com o sentimento do dever cumprido. Onde o trânsito não anda, todo mundo sabe, são os mesmos locais de sempre. O que pode ser feito para melhorar a fluidez é que deveria ser contribuição das rádios para a população.
Com respeito e apreço aos radialistas de BH, convido eles para uma reflexão e para uma mudança no formato dos programas de rádio que falam de trânsito, saindo assim do lugar comum e cobrando das autoridades atitudes concretas para o enfrentamento do problema.
José Aparecido Ribeiro
Jornalista – DRT 17.076-MG