Tenho acompanhado a justa preocupação dos moradores da Rua Musas no Bairro Alto Santa Lucia por uma vizinhança qualificada que irá ocupar a belíssima vista que hoje é um privilegio de poucas famílias que moram próximas ao BH Shopping, um dos locais mais nobres da Capital. A polêmica gira em torno da construção de um hotel 5 estrelas no terreno que margeia a Rua Musas, a Av. Raja Gabaglia e a BR 356. Os moradores estão temerosos em receber como vizinho um hotel que a principio teria a bandeira Hyatt Internacional com 250 suites de alto padrão, mas que agora vai ser um Caesar Park, também 5 estrelas, do Grupo Mexicano Posadas, em parceria com uma empresa Mineira, a mesma que construiu o Ponteio, o Pátio Savassi e vários empreendimentos em BH.
A preocupação dos moradores é legitima, já que a qualidade de vida depende também de uma boa vizinhança. A Prefeitura cancelou o edital que permitiria a desafetação da rua e o assunto já foi parar na Câmara e na Assembléia Legislativa, transformando-se em bandeira política. É preciso que a dimensão do tema seja posta no plano da razão, e não no da emoção, como vem acontecendo. Os moradores que serão vizinhos de um dos poucos hotéis 5 estrelas da cidade tem relativa razão em especular sobre a possibilidade do empreendimento trazer-lhes perturbações. Eles não conhecem o dia a dia de um hotel desta categoria e a principio parece que é um péssimo negócio recebê-los como vizinho, o que é um equivoco.
Não é difícil mostrar na prática que um hotel desta categoria não causa tantos impactos quanto dizem, especialmente no que hoje é um problema crônico da cidade de Belo Horizonte: O cada dia mais caótico transito.Tem Vereador a favor e Deputado contra. Discursos a parte a questão precisa ser avaliada pelo lado prático. Ser vizinho de um hotel 5 estrelas, se o local não puder ser uma praça arborizada, é a melhor coisa que existe, basta ver a valorização dos imóveis que ficam ao lado de hotéis 5 estrelas em qualquer cidade onde eles são construídos. Isto por que hóspedes de hotéis 5 estrelas não causam problemas, ao contrário, só trazem benefícios e valorização imobiliária para a região onde estão localizados.
Quem acha que um hotel de categoria superior gera transito a ponto de incomodar, não conhece a sua rotina, isso por que são poucos os hóspedes que utilizam-se de carros. A maioria chega de taxi ou de motoristas particulares e não fazem barulho pois em via de regra passam o dia em suas reuniões ou eventos e chegam ao hotel apenas para jantar e dormir. Hóspedes que gostam de agitação o fazem longe de onde estão hospedados (na Savassi, Lourdes ou outros locais de intensa vida noturna). Há regras quanto a barulho nas áreas internas e externas. A tranqüilidade e sobriedade do ambiente é uma das características de um empreendimento deste porte, cuja a tarefa dos gestores do hotel é também zelar por ela.
Portanto, ser vizinho de um hotel 5 estrelas é garantia de tranqüilidade pois a estrutura do hotel exige segurança 24 horas. Ser vizinho de um hotel 5 estrelas é também garantia de valorização do imóvel. Se é um 5 estrelas, a vizinhança acaba também virando 5 estrelas. Ou seja, só existem vantagens e não desvantagens, como parece. Todo mundo sabe que o único hotel 5 estrelas de BH está em um local 3 estrelas e o sucesso de um hotel depende de 3 coisas: Localização, localização e localização. Tal hotel inclusive foi o responsável pela valorização dos imóveis e empreendimentos comerciais ao seu redor. Com efeito, se a vizinhança de frente não pode ser uma praça cheia de arvores e pouco acesso de pedestres vindos de outras regiões é melhor que ela seja um hotel 5 estrelas. Como o terreno em questão é de particulares, a possibilidade dele ser transformado em uma praça é remota, o que torna a viabilidade para um hotel mais do que interessante, mas sobretudo recomendável.
José Aparecido Ribeiro
Administrador, Bacharel em Turismo
Ex-Presidente da ABIH-MG – Hoteleiro
Consultor em Assuntos Urbanos e Transito
CRA – MG 0094-94
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