A maioria dos políticos no Brasil acham que enganam o povo. Acreditam que promessas, tapinhas nas costas, sorrisos largos e favores bastam para se perpetuarem no poder e se locupletarem. Boa parte deles até que conseguem, mas não por muito tempo… As manifestações que tomam conta do País, do Oiapoque ao Chuí, em uma onda sem precedentes revelam muito mais do que reivindicações por passe livre no transporte público. Mostram que há no ar uma sensação de inconformismo que pode ter consequências imprevisíveis, ainda inexplicáveis. Parece o efeito de uma onda quântica que arrebata pessoas de todas as idades e não apenas estudantes, atirando todos em uma mesma direção: As ruas, e não mais só no mundo virtual.
Essa tempestade de protestos vem provar que mesmo calado diante dos disparates revelados diariamente pela imprensa, o povo não esta morto. O grito que normalmente é dado quando o time do coração marca o gol, vem agora para cobrar mudanças, e chega em boa hora. A tentativa de desqualificar o movimento, ou reduzi-lo a um mero acontecimento localizado, já não tem mais efeito. Há quem diga que é próprio da democracia e do jovem a manifestação, mas esquecem que os jovens são apenas parte, e não o todo do que está acontecendo. Há nas ruas gente de todas as idades e classes sociais. Todas visivelmente insatisfeitas com o modelo político, que apodreceu e cheira mal, há muito tempo.
Embora sem norte e sem lideranças, mas a passos largos os protestos trazem muitas mensagens, sendo a principal delas a de que o povo não quer mais esse estilo partidário e nem os políticos que eles apresentam nas eleições. Querem uma nova ordem, um novo modelo eleitoral que tenha instrumentos capazes de medir vocações, que separe o “joio do trigo”. Que eleja os melhores cidadãos e não os piores. Dinheiro para comprar mandatos, prestigio e tradição familiar é muito pouco para quem tem a missão de governar. Isso pertence a um outra época, e não mais ao tempo da internet, das redes sociais e mídias alternativas. A comunicação agora é horizontal e dispensa a maquiagens.
Que os novos tempos venham e tragam bons frutos para o futuro do Brasil. Com a palavra, os Sociólogos e os Filósofos. Não vale os de plantão e nem os chapa branca.
O momento exige distanciamento e autonomia, capacidade de enxergar além das aparências, sem segundas ou terceiras intenções…
José Aparecido Ribeiro
Filósofo e Especialista em Assuntos Urbanos.
CRA – MG 0094/94
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