Quem não se sente tocado pela canção de Cesar Menoti e Fabiano que virou hino da capital mineira: “É aqui que eu amo, é aqui que eu quero ficar, pois não há lugar melhor que BH”.
Mas será que o refrão está sendo coerente com o que a cidade e sua governança vem oferecendo para os seus a população? BH parou na manha de sexta feira 9 de novembro graças ao caos no trânsito, e a sensação é que isso já não afeta mais as autoridades e a opinião pública. Será que estamos nos acostumando com a mediocridade daqueles que são responsáveis pela governança da cidade? É possível tirar lições de dias difíceis como esse?
Se fosse há alguns anos o que ocorreu na manha de sexta seria motivo para autoridades, incluindo o prefeito, se manifestarem publicamente. Havia cobrança da imprensa e da população para que lições pudessem ser tiradas. Não vi nenhuma autoridade vir a público dizer o que aconteceu com o trânsito, ainda que fosse através das assessorias de imprensa para dizer que a culpa é de São Pedro.
O silencio sugere entre outras coisas que o prefeito ou não está sabendo o que ocorre no ir e vir das pessoas na cidade que ele governa, ou ainda pior, que isso já não é encarado como problema. Podemos concluir que nossas autoridades não moram em BH, ou deslocam de helicóptero?
A BHTrans não aceita sugestões, e sempre encontra uma desculpa para justificar o fracasso de suas ações em relação ao caótico trânsito da capital. A população por sua vez dá sinais de acomodação, incredulidade, mesmo com os impactos diretos no resultado da economia e na perda de compromissos cada vez recorrentes em virtude do transito que não anda por “causa da chuva” ou de acidentes no Anel Rodoviário.
Ações capazes de promover fluidez nos corredores de tráfego, é o mínimo que se espera. Mas ao contrário, todas as ações do gestor do transito visa diminuir a fluidez. Trabalhar com a perspectiva de criar corredores sem interrupção de tráfego virou paradigma para BHtrans e Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital). O que se vê são ações restritivas. Exemplos como “Mobicentro” e “Zona 30” são diametrais ao que a cidade precisa.
Tratar engarrafamentos como acontecimentos sem importância, ou consequência de chuvas é também subestimar a capacidade de leitura crítica da população diante da realidade, e isso tem nome: Reducionismo falacioso. Em 2011 foi criado um “Comitê de Crises” que deveria ser acionado em situações como a que ocorreu na manha de sexta feira 9 de novembro. Cadê o Comitê de Crises? A população tem o direito de saber para quê ele existe.
Com efeito, milhares de pessoas não tinham como fazer suas necessidades básicas ao ficarem presas dentro de ônibus e carros parados por mais de 3 horas e isso não é normal, não pode ser varrido para debaixo do tapete como querem os adeptos do “politicamente correto” e do quanto pior melhor – leia-se diretoria da BHTrans.
O silêncio das autoridades é um desrespeito e uma forma de mostrar que não existe domínio da situação.
José Aparecido Ribeiro
Jornalista – DRT 17.076 – MG
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