A situação caótica do trânsito de Belo Horizonte virou um desrespeito explícito ao cidadão. O exemplo a seguir revela a que ponto chegou o problema. Terça feira, 20 de fevereiro, sai do bairro Buritis as 17:45hs com destino a rua Timbiras, no centro da cidade. Para cruzar a Av. Raja Gabaglia, pela Rua José Rodrigues Pereira foram 17 minutos. O volume de veículos em direção a Av. Barão Homem de Melo é incompatível com o tempo dos sinais.
O local precisa urgente de uma obra em três níveis, permitindo que as três vias se sobreponham e fiquem livres. Não é preciso ser especialista para enxergar isso. Mas até que as intervenções ocorram, é necessário presença de agentes de trânsito no cruzamento. Entre a Av. Barão Homem de Melo e a Praça da Assembleia, pasmem, foram 1:10hs contatos no relógio. O leitor deve ter pensado na hipótese de manifestação no percurso, mas não, eram os já conhecidos gargalos em frente ao hospital Madre Teresa, o estreitamento de pista em frente ao Clube dos Oficiais, no Gutierrez.
Sem retenções de tráfego, dos 14 sinais instalados na Av. Raja Gabaglia, o motorista deslocando a 60km/hs, para em 8 deles. Não há compromisso com fluidez neste e em nenhum outro corredor de trafego. Belo Horizonte está à deriva de sinais, não tem um plano de emergência e ninguém é responsabilizado. Não há metas a serem cumpridas. Os sinais não dão conta do volume de tráfego e o trânsito virou o caos.
Os agentes da BHTRANS, Guarda Municipal e PM desapareceram, especialmente nos horários de pico. Cruzamentos viraram campos de batalha entre motoristas e por vezes os pedestres. Mesmo com a desordem instalada, os pseudoespecialistas seguem fazendo proselitismos com o velho discurso de que o correto é andar de ônibus ou de bike, e que obras não resolvem o problema. Eles varreram o carro para debaixo do tapete, literalmente. Que se dane o desejo da população.
Ao negar o carro, deixam de fazer o dever de casa e não investem um único centavo em infraestrutura. Ainda que fossem feitos investimentos em transporte, o passivo de obras vem aumentando e já passa de 40 anos. Gargalos crônicos que necessitam de intervenções de engenharia continuam sendo ignorados. Eles somam mais de 800. 150 são graves, afetando a fluidez na cidade inteira. BH precisa de corredores capazes de permitir deslocamentos longos sem interrupção de tráfego. A engenharia tem projetos, mas os paradigmas precisam antes, serem quebrados. A cidade não tem dinheiro? Não tem e nunca terá no montante necessário. Mas que tal começar com duas ou três?
Motoristas irritados se agridem mutuamente, sem se darem conta de que o assunto está sendo negligenciado pela empresa que estabelece as diretrizes da mobilidade. As retenções provocam o “efeito manada”, assim que surgem espaços, na tentativa de recuperar tempo perdido os motoristas tendem a acelerar e o risco de acidente aumenta.
O Prefeito Kalil ainda não entendeu que sem mudanças no time, não haverá avanços. O mesmo grupo cuida do assunto há 25 anos e já deu provas de que não consegue interpretar a realidade, apresentando planos para solucionar o problema. O meio ambiente, a economia, e a saúde da população estão sendo ameaçadas, gerando prejuízos incalculáveis.
Prefeito Kalil, tá na hora de acordar!
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Assuntos Urbanos, Jornalista e blogueiro no portal uai
Colunista e articulista das revistas Minas em Cena, Exclusive e Mercado Comum.
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