A exceção da polícia militar e da SLU, BH mostrou amadorismo durante o carnaval. Uma verdadeira “nau” a deriva com o trânsito caótico. A BHTRANS não consegue fazer nada além do básico, que é manter sinais funcionando, ainda que em onda vermelha e acompanhar a PM ou a Guarda Municipal nas notificações de motoristas que estacionam em locais proibidos. Corre com placas de um lado para o outro, mas não usa a inteligência para prever cenários. O COP, (comando de operações da PBH) a julgar pelo que se viu, é apenas enfeite. A cidade esteve parada várias vezes.
Preguiça ou incompetência? Na verdade, para quem viaja, conhece o “modus operandi” da empresa de trânsito, a mente dos seus técnicos, e chega a BH de outras citys, não fica duvidas que trata-se de “ambos, os dois”. Quem precisou deslocar por BH durante o carnaval teve que usar uma dose extra de paciência, dinheiro na carteira, se estivesse pagando uber ou taxi, e muita resiliência. Foi um pesadelo inadmissível. Não foi uma nem tampouco duas centenas de pessoas que reclamaram da desorganização do trânsito, foram milhares. Os daqui e os de fora. Poluição, desperdício, desrespeito e prova inequívoca de incompetência.
Quem saiu de casa pôde comprovar na prática, o que é um “deadlock traffic”. Nas ruas fechadas para a passagem de blocos, só foliões, eventualmente a policia militar. Agentes de transito, nenhum, eles desapareceram. A sensação foi de impotência em horas perdidas em trajetos que se gastam minutos. Fecharam a cidade e jogaram a chave fora. A “turma do deixa disso” (a inteligência da BHTRANS) tirou férias e esqueceu que na capital vivem 2,5 milhões de pessoas, boa parte querendo ficar longe da folia, e precisando deslocar. Ficou comprovado que eles não dão conta do recado.
Ninguém escapou, nem mesmo quem usou o precário e desconfortável transporte coletivo. De férias também estiveram os comerciantes que perderam a oportunidade de faturar. Preferem pular carnaval no lugar de ganhar um dinheiro extra. Será que mineiro é preguiçoso ou a folia é mais importante? A exceção dos supermercados, poucos comércios abriram as portas. Até o Mercado Central que normalmente não perde oportunidade, na segunda após o almoço estava de portas cerradas. Um ou outro restaurante também mantiveram portas abertas. A capital da gastronomia fechou para o almoço…
A cidade recebeu turistas de todas as partes, inclusive estrangeiros. Poderia ter feito bonito, cuidando do trânsito, da limpeza e disponibilizando seu comercio para os visitantes. A eficiência da SLU na limpeza das ruas por onde passaram blocos, não foi a mesma das secretarias que cuidam dos pedintes e moradores de rua, especialmente os que vivem debaixo de viadutos e marquises no Complexo da Lagoinha. Parecia uma favela indiana abandonada. Vergonhoso!
O resumo de BH, para quem veio de fora foi mostrado nos pequenos detalhes, imperceptíveis para os que vivem aqui, mas reveladores para os turistas mais atentos. Fato é que estamos nos acostumando com a feiura, a cidade está mal cuidada, cinza, suja e precisando de uma repaginada. A começar pela sinalização que deixou belo-horizontinos e visitantes perdidos. O improviso e o amadorismo só não foi maior onde o poder público municipal não esteve presente. Tomara que disso saiam lições e que nos pequenos detalhes o mundo possa conhecer melhor o nosso tamanho, ainda que nada acontecerá com quem não foi diligente na gestão da coisa pública. Eles sabem que não precisam cumprir metas. Aliás, as metas eles estabelecem: ciclovias e BRT. Fazem o básico…
José Aparecido Ribeiro
Jornalista – blogueiro no portal uai e colunistas das revistas: Minas em Cena, Mercado Comum e Exclusive – DRT-MG 17.076 – jaribeirobh@gmail.com – 31-99953-7945